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Artigos

 
  • Casa de boneca

    "Casa de boneca" abriga morador de rua. Os abrigos, de cerca de um metro e meio de altura, foram construídos por entidade assistencial de São Paulo.

  • As armadilhas da semântica

    George Orwell, o escritor inglês que nos deu algumas das obras que melhor iluminaram o ambiente dos difíceis anos que duraram da Depressão à Queda do Muro de Berlim, entre elas as duas terríveis sátiras "1984" e "Animal Farm", foi antes de mais nada um homem de excepcional integridade.

  • Ainad Lula

    São, na verdade, os resultados das eleições municipais de outubro de 2000 que vão fixar de vez em torno do PT o avanço o congruente contra o que está aí, a partir do peso estratégico da mudança brasileira, dentro do perfil que lhe apontou o censo recém publicado, dando pela inaudita percentagem de 81% dos brasileiros vivendo em cidades, e a sua larga maioria nas nossas megalópoles.

  • Bonecas russas

    Não me lembro como se chamam as tais bonecas folclóricas russas: são as que são ocas e abre-se a boneca maior e dentro dela há uma menor, e dentro dessa outra menor ainda, e depois outra e mais outra, até chegar à última, que é uma simples miniatura de boneca. No mesmo gênero, também é aquele conto de fadas: “Lá no mar tem uma ilha, dentro da ilha tem um castelo, dentro do castelo tem uma torre, dentro da torre tem um quarto, dentro do quarto tem uma arca, dentro da arca tem uma caixa, dentro da caixa tem um cofre, dentro do cofre tem um frasco, dentro do frasco tem uma pomba, dentro da pomba tem um ovo, dentro do ovo tem uma chave e é essa chave que abre a porta da prisão onde está a princesa encantada”.

  • A verdade da ficção

    Há uma verdade da ficção. Uma verdade oposta ao convencionalismo das verdades estabelecidas que, ao proteger o homem contra a nudez das novidades e a solidão dos avanços, também podem matar, nele, a inteligência da realidade, a alegria da experiência e o sentido da dignidade essencial do ser humano. Essa verdade, íntima e jovem, que a ficção contém é a matéria a um tempo dura e maleável (e durável), sobre que trabalham os narradores de histórias.

  • O tempo passa

    Uma das forças contra a qual ninguém pode lutar, que cai vencido, é o tempo. Aprendi nesta altura da vida, que essa é a realidade com que nos defrontamos diariamente, sem podermos impedir a implacável marcha dos segundos, dos minutos e das horas, dos dias, das semanas e dos meses, dos anos e dos séculos, um dos quais acaba de findar, nessa marcha inexorável das mudanças que não se obstam, por impossível.

  • O saber e o falar

    Vocês sabem o que é “ fileiros”? (Esse neologismo, “fileiros”- os que fazem fila - não fui eu quem o inventei, já vem fazendo carreira entre os próprios, quer dizer, os fileiros). Aliás, neologismos, principalmente os de gíria, têm quase sempre nascimento humilde. As pessoas mais cultas, ou escutam as palavras difíceis na sua própria casa ou as consultam no dicionário. O ignorante comum tem o próprio dicionário na cabeça, restrito, é verdade, muito faltoso na conjunção dos verbos, mas dono de um toque pessoal inclusive.

  • Do trágikos à tragédia - A atualidade do trágico

    Do ponto de vista histórico, o trágico sempre foi atual. Sua permanência na condição humana está e estará assegurada enquanto houver vida e morte na aventura de cada um de nós.Lembremos o conceito do cômico e do trágico na concepção da filosofia e do teatro dos gregos. Comédia é a história que termina bem. Tragédia é a história que termina mal. Foi assim que Dante deu o título à sua comédia, pois sua viagem começou no inferno, passou pelo purgatório e terminou no paraíso. Logo, terminou bem. Foi realmente uma comédia que ele adjetivou de divina.

  • Operação Condor

    Volta ao noticiário, de forma ainda esparsa, dando tiro em várias direções, a chamada “operação Condor”, uma rede político - policial que eliminou diversas pessoas que atentavam contra a paz totalitária vigente na América Latina, durante os anos 70.

  • Do ensino fundamental

    O ensino fundamental tem sido objeto, no Brasil, de valiosos estudos, mas, além de tratar-se de assunto inesgotável, parece-me que tem faltado uma análise satisfatória no contexto da Constituição de 1988, notadamente depois da Emenda Constitucional nº 14, de 12 de setembro de 1996, a qual introduziu oportunas alterações nos srtigos pertinentes a essa matéria.Tudo está em saber qual a finalidade essencial do ensino fundamental, a partir do princípio constitucional básico de que a educação, de conformidade com o disposto no artigo 205, deve ser promovida e incentivada “visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. Desdobrando essa definição sintética, verifica-se que são três as finalidades do ensino:

  • O dinheiro público

    Faz poucos sábados, o professor Miguel Reale escreveu sobre o patriotismo, exaltando-o como o suporte das nações, de sua duração no tempo histórico e no espaço físico. O patriotismo é o fundamento da letra do Hino Nacional. Nas escolas primárias já não é ensinado, mas foi, durante decênios, para incutir na consciência das criança o amor ao país. Aprendia-se nas escola primária a amar o Brasil, como grande país, destinado a ser uma das grandes potências do mundo. Passaram-se os anos. Derrubada a oligarquia que dominava o Brasil, com ordem e com decência, tenha-se presente, veio o getulismo, com seus homens de 1.000, de que fala Oliveira Vianna, e o Brasil começou a mudar. Mas não tanto quanto depois desse período de quinze anos. O presidente Dutra e seus sucessores, que governaram com a Constituição de 1946, tiveram tempo e decisão para manter o Brasil como supremo órgão do amor de seus filhos. Se Vargas se suicidou, o fez por motivos conhecidos.

  • Mocinha

    Em 1990, quando tomei posse de minha cadeira na Academia Brasileira de Letras, agi de modo a ligar o mais possível a cerimônia, o uniforme, o colar e a espada aos rituais de festa do nosso povo. Eu lera, de Gandhi, uma frase que me impressionou profundamente. Dizia ele que um indiano verdadeiro e sincero, mas pertencente a uma das classes mais poderosas de seu país, não deveria nunca vestir uma roupa feita pelos ingleses. Primeiro, porque estaria se acumpliciando com os invasores. Depois, porque, com isso, tiraria das mulheres pobres da Índia um dos poucos mercados de trabalho que ainda lhes restavam.

  • Celso Furtado, o oitentão 'imortal'

    Aí está, nas livrarias, a 10ª edição do livro “Teoria e Política do Desenvolvimento Econômico”, do acadêmico Celso Furtado, que o considera o mais importante livro de sua vida, como resultado de 20 anos de estudos realizado na França.

  • Não se pode sair nem um bocadinho

    A gente custa a reconhecer certas verdades desagradáveis, mas o tempo acaba por impô-las. Nunca fui candidato a cargo público nenhum e, por conseguinte, jamais pedi votos a ninguém, nem sou responsável pela administração de qualquer serviço do Governo, de qualquer tipo. Mas a realidade conspira em contrário, e a dura verdade é que sinto no ar um dever indefinido de não deixar o país. Quando estou lá fora, sempre aprontam alguma coisa, até mesmo se se trata de país tão amigo e fraterno quanto Portugal. Começam a acontecer coisas lá mesmo, se bem que, no geral, somente na alfândega. A alfândega portuguesa, que me deu uma boa coça no Porto, não faz muito tempo, alimenta graves suspeitas sobre minha pessoa e, no Porto, quase peço permissão ao Sr. Dr. Alto Funcionário da Aduana para dar um pulinho lá fora e tentar conseguir pelo menos uma maconhazinha, a fim de que ele não ficasse tão desalentado com o fato de só haver roupas em minha bagagem. Chateia um pouco, mas não reclamo. É direito deles e a culpa, como já sublinhei aqui, certamente se deve à minha cara de contrabandista congênito.