
Viagem longínqua
Não há dúvida que o presidente Lula da Silva tem boa imprensa. Os jornais noticiaram que ele empreende viagem à Coréia do Sul e ao Japão, para fazer negócios da bagatela de R$ 1,5 bilhão.
Não há dúvida que o presidente Lula da Silva tem boa imprensa. Os jornais noticiaram que ele empreende viagem à Coréia do Sul e ao Japão, para fazer negócios da bagatela de R$ 1,5 bilhão.
O poeta Waldemar Dias da Cunha, que em vida publicou um livro apenas e deixou, ao morrer, poemas em número suficiente para mais oito volumes, representou e representa a adoção da poesia como forma de conhecimento. Conhecimento pela encantação, conhecimento pela repetição, pelo transe, conhecimento direto, feito bala de revólver que penetra sem cerimônia na realidade, o que transforma o ato de fazer poema num ato de purgação e de curtição. No fundo, um ato religioso.
Na semana passada, comentei a sentença de uma juíza que tornou inelegível um dos pré-candidatos à próxima sucessão presidencial. Não entrei no mérito da questão. Não censurei a sentença em si, que pode ser derrubada em instância superior. Dei de barato que a juíza se apoiou em fatos provados ou supostos. Não compete ao jornalista nem ao Estado exercer qualquer tipo de censura.
Durante longo período de tempo nas colunas dos jornais que dirigíamos, combatemos a Petrobrás. Para nós, o Brasil não dispunha de reservas do bruto, e não poderia, nunca, ser exportador de óleo, ao contrário do que afirmavam seus técnicos, diretores e outros entusiastas da empresa.
Secretário de Cultura do Estado, membro da Academia Brasileira de Letras e presidente do Conselho de Comunicação do Congresso O Tribunal do Santo Ofício, abominável em sua essência, operou no Brasil cerca de 240 anos, com a matriz situada em Portugal, onde teve mais de 280 anos de existência. Foram várias as injustiças cometidas contra os judeus, com processos infames e descabidos. Com isso, muitos foram sacrificados e outros viveram na clandestinidade, sem poder professar claramente a sua fé original.
Já foi o tempo em que "governar era abrir estradas". De Washington Luiz, autor da frase, a Lula, autor de outra frase -"olhem para minha cara e vejam se estou preocupado"-, as coisas mudaram, acho que para pior.
No suplemento de sua edição de domingo atrasado a Folha de S. Paulo publicou dois artigos de Euclides da Cunha sobre a Abolição da Escravatura.
Como qualquer mortal, ou mesmo imortal, volta e meia questiono meus conceitos e atitudes. Ultimamente, olhando tudo em conjunto, o que fiz de ruim e deixei de fazer de bom, tenho vontade de subir à montanha e pedir clemência, implorar o perdão de todos.
Pelo menos no dia e na hora em que escrevo, faz um lindo dia outonal, como espero que também neste domingo. Os ares parecem puros, o céu está azul e límpido e a orla da Baía de Guanabara, que fica aqui tão pertinho de onde eu moro, lá permanece em sua formosura esplendorosa e irrespondível. Devemos, portanto, estar felizes. Claro, a bela leitora (não é machismo ou discriminação, são hábitos de antanho, pois diz a lei que sou do tempo dos afonsinhos) e o inteligente leitor (idem) podem ser agnósticos ou ateus, mas também podem fingir por um momento que não são e pensar como de fato o Senhor Bom Deus caprichou ao nos dadivar a nossa terra - e não somente o Rio, é claro, mas tão grande parte de toda ela.
NO DIA 31 DE OUTUBRO DE 2004, aproveitando-se de uma lei feudal que foi abolida no mês seguinte, a cidade de Prestopans, na Escócia, concedeu o perdão oficial a 81 pessoas - e a seus gatos - executadas por prática de bruxaria entre os séculos XVI e XVII. Segundo a porta-voz oficial dos Barões de Prestoungrange e Dolphinstoun, “a maioria tinha sido condenada sem nenhuma evidência concreta - com base apenas nas testemunhas de acusação, que declaravam sentir a presença de espíritos malignos.” Não vale a pena lembrar de novo todos os excessos da Inquisição, com suas câmaras de tortura e suas fogueiras em chamas de ódio e vingança. Mas há uma coisa que me intriga muito nessa notícia. A cidade e o 14 Barão de Prestoungrange & Dolphinstoun estão “concedendo perdão” às pessoas executadas brutalmente. Estamos em pleno século XXI, e os descendentes dos verdadeiros criminosos, aqueles que mataram inocentes, ainda se julgam no direito de “perdoar”.
Alguma coisa de ruim estava para acontecer na vida e naquela manhã de Leopoldo Quintães, escrivão-substituto da 42ª Vara Cível da Comarca do Rio de Janeiro. Como sempre fazia, chegou cedo ao fórum na rua Dom Manuel, cumprimentou o porteiro e o ascensorista, subiu ao 9º andar, cumprimentou o faxineiro que espanava a pilha de processos que seriam despachados, à tarde, pelo juiz titular da vara, Hugo Backer.
Aí está claramente a contribuição do ministro Tarso Genro em tornar a pauta da educação, sem dúvida a mais relevante, na fronteira das conquistas sociais a que responde especificamente o recado do Governo Lula. Não se trata apenas já de mostrar os índices desses dias da baixa a 3% da falta de escolaridade básica no País. O avanço do Prouni, com o apoio logrado da área pública e, sobretudo, decisivamente privada do terceiro grau, mudou uma atitude, inclusive, nesse avanço qualitativo do ensino brasileiro. Passa-se a sobrelevar este outro dado, tão percutente quanto o do analfabetismo que era o da massa de estudantes capacitados à entrada no campus, e barrados pela falta de vagas da área pública, de par com a ausência de poder econômico para ingressar na área particular.
A América Latina, que sempre teve a imagem de um caldeirão social, entrou nos anos 90 como lugar de arrumação sob a forte influência das políticas mundiais de estabilização, à base do neoliberalismo. Estas, dando predominância ao econômico sobre o social, não ofereceram as respostas reclamadas pela sociedade, que procurou novos caminhos, levando ao poder líderes-símbolos da esquerda latino-americana.
Nas três operações da mente definidas pela lógica de Aristóteles, a simples apreensão é comum a todos os animais, inclusive e obviamente ao homem. Vem, depois, o juízo, ou seja, a faculdade de emitir submete a apreensão ao juízo e daí resulta o raciocínio, que deu ao homem a faculdade, tornada necessidade, de se expressar. Fruto da apreensão, do juízo e do raciocínio, o homem logo desenvolveu a articulação verbal para denominar a apreensão, desenvolver o juízo e expressar o raciocínio.