
A contratorcida
Embora microscópica e por vezes até clandestina, sempre houve uma torcida brasileira contra o Brasil, em todas as Copas. Os componentes dessa falange têm, sob outros aspectos, pouco em comum entre si. Uns são do contra pela própria natureza, nasceram assim. Outros são apostadores frios e desalmados, que botariam uma graninha contra a própria mãe, se as probabilidades fossem boas, quanto mais contra o Brasil, cuja gentileza maternal está no Hino, mas todo mundo sabe que não é bem assim. Outros discordam do técnico e da escalação e preferem perder a Copa a perder a discussão. Outros são supremacistas, acreditando na superioridade congênita de alemães, ingleses, holandeses ou escandinavos. E, na minha remota juventude, os comunistas apátridas eram rotineiramente acusados de preterir o Brasil, em favor de qualquer país da Cortina de Ferro.