
Ai de ti, Copacabana!
Uns dias de molho e fiquei sem passar pela praia de Copacabana, que desde a minha infância faz parte do meu itinerário urbano. Ontem, aproveitando a tarde bonita, peguei a avenida Atlântica na direção Leme-Posto Seis.
Uns dias de molho e fiquei sem passar pela praia de Copacabana, que desde a minha infância faz parte do meu itinerário urbano. Ontem, aproveitando a tarde bonita, peguei a avenida Atlântica na direção Leme-Posto Seis.
Estamos vivendo uma eleição sob todos os aspectos relevante, mas cuja agenda passou ao largo de uma democracia de opiniões
Em dias de tédio forçado por motivo de saúde, andei relendo o livro de Fraga Iribarne, "Un Objetivo Nacional", traduzido por Carlos Lacerda e escrito nos primeiros anos após a morte do generalíssimo Franco e a restauração da monarquia na Espanha, na qual o autor foi um dos ministros e mais tarde governador da Galícia.
Pensando bem, e com exceção de casos isolados nos diversos níveis das eleições de domingo, os resultados eram mais ou menos esperados: sobretudo a queda de Lula e a surpreendente arrancada final de Alckmin.Tenho a impressão de que, se a eleição fosse daqui a uma semana, Lula nem chegaria ao segundo turno. Embora não comprometido fisicamente com a novela do dossiê com que o PT tentava bombardear o PSDB, Lula pegou as sobras e pegará outras tantas à medida que as investigações prossigam até uma apuração final e fatal para o PT.Curiosamente, o papel de Lula foi muito mais ambíguo no caso do mensalão. Ele garantiu e garante até hoje não ter nada com a corrupção que marcou os últimos meses de seu primeiro mandato. Quanto ao dossiê, me parece um fantasma, pois ninguém viu, ninguém leu, ninguém sabe se existe mesmo, mas produziu o fato incontestável do dinheiro que veio de fora para dar uma desastrada ajuda aos interesses petistas de torpedear as candidaturas tucanas. É difícil acreditar que Lula esteja envolvido nessa lambança eleitoral, como é difícil acreditar que ele esteja inocente das lambanças anteriores.Em todo caso, a lambança do dossiê foi de tal ordem que sobrou para todos do PT, inclusive para seu presidente de honra. Ele terá menos de um mês para recuperar a sua imagem de traído e abandonado pelo próprio partido que criou.
A importância da presença de Tobias Barreto no pensamento brasileiro leva-nos a aferimentos dos diversos ângulos da nossa cultura por ele analisados. Foi ele, antes de tudo, um professor. Um professor escrevendo, um professor dando aulas, um professor discutindo e conversando. Como quem mais aprende é o bom professor, estudou Tobias o alemão, o que a ele possibilitou, juntamente com o francês e o inglês, um ingresso real nos grandes sistemas filosóficos de seu tempo.
O 1% de menos para a vitória do presidente no primeiro turno pode ir à história como a perda decisiva da opção da mudança e de seu acesso pelo Brasil de fora. O país não sai apenas rachado do 1º de outubro. Expõe-se à tragédia, sem volta, do surto do moralismo político, como instrumento do status quo, em toda a força do seu comando mediático da opinião pública.
Causou perplexidade, sobretudo na mídia, a eleição de alguns candidatos que foram genericamente considerados "exóticos". Uma lista complexa, mais ou menos aleatória, que inclui desde a eleição de Fernando Collor para senador por Alagoas até o estilista Clodovil, que ameaça ser um deputado chique. Tudo bem. Presume-se que um deputado chique não participe de mensalões nem da vampiragem dos sanguessugas. Quanto a Collor, nada de exótico encontro em sua eleição. Ele sofreu o impeachment porque violou diversas regras do jogo político-administrativo. Foi punido, cumpriu a pena e, agora (acredita-se), pode ser absorvido pela sociedade no fundo. Esta é a finalidade básica das punições a qualquer crime: a integração na sociedade. É evidente que em alguns casos houve o voto de protesto, que em eleições passadas ameaçaram eleger um Cacareco e o Macaco Tião. Neste particular, melhoramos muito. Outra perplexidade que a mídia vem destacando é a eleição de Paulo Maluf. A se dar crédito à mídia, Maluf é o morto político mais vivo e notório da nossa vida pública. Há seguramente 20 anos, de tempos em tempos, decreta-se a sua morte política, no entanto, sempre que há eleição, ele ressuscita com boa margem de votos. Não dá para se eleger governador ou prefeito. Mas, para obter um lugar no Congresso, tem um capital próprio de votos que não emigram para outros candidatos.
Lamentemos inicialmente que a morte tão cedo tenha levado o acadêmico José Guilherme Merquior, quando ele estava na plenitude do seu talento e muito poderíamos esperar da sua inteligência fulgurante. Trata-se do meu antecessor direto na cadeira nº 36 da ABL. Mas não o conheci pessoalmente.
Numa palestra no Conselho de Comunicação Social do Congresso Nacional, o professor Frederic Litto, diretor da Escola do Futuro, fez uma série de considerações de grande relevo para os que se debruçam sobre as nossas perspectivas no mundo globalizado. Há, hoje, dezenas de pedagogias variadas (não uma só), dada a organização diferente de cada cérebro, pela disposição nunca repetida de neurônios. Se é possível concordar com o dito “em cada cabeça, uma sentença”, como aceitar a apreensão de conhecimentos diferenciados, pelo mesmo e falsamente homogêneo grupo de pessoas?
Quando publiquei o meu terceiro romance, em 1960, alguns críticos consideraram o título ("Tijolo de Segurança') enigmático e de mau gosto.
Em 1998, na minha penúltima eleição para senador, conheci no Amapá uma repórter e apresentadora de televisão simpática, talentosa e inteligente. Era do Maranhão e fora contratada por uma equipe de TV para a campanha eleitoral do Amapá. Sorriso aberto, alegria sempre nos lábios. Era uma moça negra que transmitia aos telespectadores segurança e uma presença carinhosa. De grande coração, alegre, solidária.
Publicada em 09/10/2006
Publicada em 09/10/2006
Publicada em 09/10/2006
Publicada em 09/10/2006