AO VIVO: "Mulher brasileira hoje" é tema do Seminário Brasil, brasis que acontece na ABL
Publicada em 20/10/2010 (atualizada em 21/10/2010)
Publicada em 20/10/2010 (atualizada em 21/10/2010)
Publicada em 20/10/2010 (atualizada em 21/10/2010)
Rachel de Queiroz proclamava-se "uma velha senhora sionista". Tinha notórias simpatias pelo "Povo do Livro". Esteve em visita ao Estado de Israel, ocasião em que foi duplamente homenageada: com o plantio de uma árvore em seu nome e com a inauguração de uma bonita creche, na cidade de Telavive. Ela gostava de freqüentar festas judaicas e, gulosa, apesar dos problemas de saúde, fartava-se com os tradicionais guefilte-fish, patê de fígado e apfelstrudel. O seu interesse era tão grande que aprendeu alguns desses pratos com a amiga Paulina Dain Buchmann. Era capaz de ficar horas discutindo temperos. Gostava de cozinhar, embora alimentasse as nossas conversas, no apartamento do Leblon, com um delicioso e incomparável sorvete de manga. Foi assim que conheci o outro lado da grande figura literária brasileira.
Alguns leitores reclamaram da crônica anterior ("Debate do segundo turno"), publicada na última quinta-feira. Uns não compreenderam, outros acharam falta de respeito para com os dois candidatos e para com Deus Todo-Poderoso. E todos a julgaram inoportuna.
Antes de começar o debate, a movimentação no estúdio da Bandeirantes parecia os preparativos para uma luta de boxe, os contendores em cada canto, os treinadores dando as últimas instruções, a contagem do tempo e, nos intervalos de cada round, a entrada no ringue dos segundos, aqueles caras que levam toalhas e baldes para a recuperação dos estragos.
Não adianta pedir explicações sobre Deus; pode-se escutar palavras bonitas, mas, no fundo, são frases vazias. Da mesma maneira que você pode ler toda uma enciclopédia sobre o amor, e não saber o que é amar.
A lembrança futebolística excita a minha memória. Cheguei a ver o craque Domingos da Guia, grande zagueiro do Flamengo e da seleção brasileira, atuando em campo. São inesquecíveis as suas jogadas, embora às vezes perigosas. Gostava de emocionar o público fazendo na área o que os dicionários chamam de tirar de letra, ou seja, locução verbal que significa "agir com competência". Mas nem sempre dava certo - e aí virava uma "domingada". Perder a bola dentro da área é praticamente dar um gol ao adversário. O uso do calcanhar pode ser traiçoeiro.
Não ser da direita nem da esquerda, nem mesmo do centro, tem suas vantagens, apesar da solidão e dos ataques que se recebe de todos os lados. Assumindo atitudes e pensamentos ora da direita, ora da esquerda, ora do centro, por isso ou por aquilo, conhece-se cada lado ideológico, político e comportamental, suas contradições, seus oportunismos e, frequentes vezes, sua idiotice.
Madrugada meio metida a primavera berlinense, muito clara e ensolarada, mas cortada por um ventinho gélido, desses dos quais se diz fazerem com que descubramos partes do corpo que antes não sabíamos que tínhamos. Descubro algumas e lembro, não sem mágoa, que hoje em dia também percebo ossos de que na juventude não tinha consciência. Mas espano da cabeça pensamentos importunos, estufo o peito na medida do possível e me disponho a começar bem o dia, que afinal, apesar do frio, se anuncia belamente. Não passa muito das 5 e Salvatore ainda deverá estar arrumando sua prestigiosa banca de revistas, de que sou freguês leal.
Ao subir uma trilha nos Pirineus em busca de um lugar onde pudesse praticar o arco e flecha, deparei-me com um pequeno acampamento do exército francês. Os soldados me olharam, eu fingi que não estava vendo nada (todos nós temos um pouco esta paranoia de sermos considerados espiões...) e segui adiante. Achei o lugar ideal, fiz os exercícios preparatórios de respiração, e eis que vejo um veículo blindado se aproximando. Na mesma hora me coloquei na defensiva, e preparei todas as possíveis respostas para as perguntas que me seriam feitas: tenho permissão de usar o arco, o local é seguro, qualquer palavra ao contrário cabe aos guardas florestais e não ao exército, etc... Eis que salta do veículo um coronel, pergunta se eu sou o escritor, relata alguns fatos interessantíssimos sobre a região.
Os especialistas em eleição, os formadores de opinião e a maioria dos cronistas políticos cobram dos dois candidatos presidenciais os programas e metas que pretendem implantar. Creio que ambos já falaram bastante sobre isso, estabeleceram as prioridades básicas (educação, saúde, segurança etc.). No fundo, os programas não se diferem no essencial, as diferenças ficam por conta de detalhes pontuais, sujeitos às circunstâncias de cada problema ou desafio.
Não tenho mais domingo igual àquela pedra imensa, o rio anda com sapatos do repuxo, as palavras ainda são rápidas como peixes. As fábulas pulam verdes, iguais às rãs. E encostado numa árvore, já não arrolo nada e começo devagar a morrer, mesmo que a infância nunca morra. Nem envelhece jamais. Porque não conta tempo, conta luz. Tinha um cão que saía da infância e se chamava “Lex” efeneceu sem latir artigo algum. Deitou-se azul e foi sumindo. E ficou uma mancha celeste, onde as comitivas das formigas se reúnem.
-Cara, eu vou te contar, parece perseguição, caso pensado do destino contra mim.
A última decisão do Supremo Tribunal Federal, em que houve empate no assunto fundamental, que foi o das “fichas limpas” dos políticos, revelou-se o confronto cioso entre o Brasil velho, patrimonial, arcaico e o Brasil jovem, aberto ao mais arejados horizontes.