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Artigos

  • Cinqüenta anos depois

    Cinqüenta anos depois de lançado, mais importante se apresenta o romance " O ventre", de Carlos Heitor Cony, ocupando uma vanguarda rara na ficção brasileira. Escrevi sobe ele na época, realçando sua presença numa nova fase de nosso romance. Sai agora edição comemorativa desse livro sob a égide da Academia Brasileira de Letras e da editora Objetiva/Alfaguara.

  • O Brasil e o Japão

    A imigração japonesa no Brasil, cujo centenário estamos comemorando este ano, teve resultados positivos, muito além do que podiam ter imaginado aqueles que dela participaram em 1908. Alguns decênios antes a vinda maciça dos italianos, que tiveram o apoio direto de D. Pedro II, estimulara a indústria de São Paulo e influíra positivamente na economia dos Estados do Sul do país como também em Minas Gerais e no Estado do Rio de Janeiro (em minha cidade natal de Ubá, MG, desde antes dos anos 20 do século passado tinha casas de comércio com nomes italianos).

  • Árvores e Deuses

    A luta pela preservação de nossas matas e de nossas flores vem tendo em Dorée Camargo Corrêa uma defensora infatigável e inteligente. Fundou ela há alguns anos a ABRADE (Associação Brasileira de Defesa Ecológica), responsável por uma verdadeira pregação em prol do chão em que vivemos, com suas árvores, seus lagos e seus rios. Como parte dessa campanha, lança ela todos os anos um volume com textos de brasileiros que apóiam seu trabalho.

  • Presença do piano

    Mestra internacional do piano, com toda uma vida dedicada à música, em recitais que deram fama a seu nome, nos mais importantes centros musicais dos Estados Unidos, da França, da Inglaterra, da Alemanha, da Áustria e da Suíça, com toda essa experiência resolveu Maria Augusta de Oliveira Morgenroth colocar agora num livro uma seleção das aulas de piano que tem dado e as "máster classes" ligadas a essas aulas, isto é, ao mergulho no íntimo do compositor e de sua obra, na penetração mesma das intenções da música e da importância do intérprete, no caso a pianista, "sentir" exatamente o que está tocando.

  • Um instante entre dois nadas

    A poesia de Marly de Oliveira (que nos deixou há um ano) preenche a definição de Roupnel e Bachelard de que "o tempo só tem uma realidade: a do instante". E esse instante se acha colocado "entre dois nadas". Aí estaria o falso vazio que estimula a linguagem mística. Pois mística foi muito a poesia de Marly de Oliveira, de um misticismo raro na poesia brasileira, gênero em que entre nós só a figura de Junqueira Freire se destaque.

  • Rosa no mundo

    Ao ser lançado, "Grande Sertão: Veredas" causou espanto. Houve mesmo um escritor que reclamou com José Olympio, o editor do livro: "Quando é que você vai mandar traduzir o 'Grande Sertão' para o português? Assim como está, não consigo ler. Isto não é português."

  • O litoral e o sertão

    Um dos livros mais curiosos de Alceu Amoroso Lima analisa, compara e estuda Machado de Assis, numa espécie de confessionário por não ter mencionado o nome de Machado em nenhum de seus livros de crítica literária publicados ao longo de quase vinte anos. Mas em 1939, centenário do nascimento de Machado ele achou que não podia ficar quieto e escreveu os seus "Três ensaios sobre Machado de Assis", publicado em 1941, em que faz um paralelo entre Machado e Euclides da Cunha.

  • A arte do conto

    A presença de Jorge Medauar no conto brasileiro mostra um aspecto importante de nossa literatura. Suas narrativas participam do clima da poesia e ao mesmo tempo erguem seu mundo ficcional, jogando o peso do sentido sobre cada substantivo, advérbio, verbo das frases, com adjetivos que se detêm no absolutamente necessário.

  • A nova UBE

    Conseguiu a União Brasileira de Escritores recuperar o prestigio de 50 anos atrás quando Peregrino Júnior, Jorge Amado, Eneida, Stella Leonardos e, entre muitos outros, Zora Seljan e o autor destas linhas, agíamos no setor. Foi quando imaginamos organizar um Festival Brasileiro de Escritores num edifício em construção em Copacabana.

  • O Prêmio Nobel

    Todos os anos, no começo de outubro, o mundo literário se agita com a proclamação do nome do vencedor do Prêmio Nobel de Literatura, que costuma sair na segunda quinta-feira deste mês, como também aconteceu este ano. O premiado foi o francês Jean-Marie Gustave Le Clézio, que, em 1973, Jorge Amado e eu encontramos numa reunião literária em Paris, onde a editora Stock lançava meu romance "A casa da água" ("La maison d'eau"). Soube então que ele passara parte da infância, na Nigéria, onde o pai trabalhara e onde viveu três anos, tendo ele então nos falado da parte importante da África na sua literatura. Na época, era candidato ao Nobel o nosso Jorge Amado, que teve sua candidatura mantida entre os anos 70 e 80.

  • Poetas de 45

    Estamos em 1945, a guerra terminara em 8 de maio. Não sabíamos que ela ia terminar. Mas, no fundo, sabíamos. Sabíamos porque desde o fim de abril, um grupo de jovens poetas, preparamos uma exposição de poesia. Isto mesmo: uma exposição de poesia. Datilografamos poemas em folhas de papel, emolduramo-los como se quadros fossem, e penduramo-los nas paredes da sala de entrada da Escola Nacional de Belas Artes na Rua Araújo Porto Alegre do Rio de Janeiro. Pertencíamos ao grupo: Antonio Fraga, Luciano Maurício, Aladir Custódio, Ernande Soares, Hélio Justiniano e este que vos fala. Conseguimos imprimir um catálogo, para o qual escrevi uma apresentação, com um poema de cada expositor. Inauguramos a mostra em 10 de maio de 1945 (dia do meu aniversário). Era a primeira demonstração pública da geração que viria mais tarde a ser chamada de Geração de 45. Verdade é que; antes dessa data, Nelson Rodrigues lançara o seu Vestido de noiva, Clarice Lispector publicara Perto do coração selvagem e Guimarães Rosa ganhara prêmio, em 1936, com os contos de Sagarana, só publicados mais tarde. Em todos eles havia a marca dos novos tempos. Que veio a ser afinal a Geração de 45? Terá sido simplesmente a negação da Semana de 22? A Semana já havia feito o que tinha de fazer, já havia conquistado o que tinha de conquistar. Mais importante, ainda, entre 22 e 45 houvera uma nova guerra mundial e uma tecnologia que mudava por completo o equilíbrio político das nações.

  • Adeus, Antonio Olinto

    Há cinco meses não dialogava com Antônio Olinto. E sentia muito a sua falta. Depois de um sério acidente cerebral, o escritor mineiro e conceituado crítico literário perdeu a consciência e viveu em estado vegetativo, com a nossa esperança de que voltasse a falar.