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Artigos

  • Lumiar outra vez

    O Globo, em 12/02/2023

    No campo de Minas Gerais, o verbo “lumiar” significa acender, iluminar, clarear, botar fogo em volta. Foi isso que sempre fizemos em nossos filmes dos anos 1960 em diante. Aquilo tudo era chamado de Cinema Novo e não tinha muita regra, o negócio era filmar o Brasil como a gente achava que ele era, a partir de sua cultura popular e sobretudo do que se encontrava diante de nossos olhos. E, se possível, fazer isso de um jeito original, como se estivéssemos inventando o cinema.

  • Caçando sapo

    O Globo, em 04/02/2023

    No campo de Minas Gerais, o verbo “lumiar” significa acender, iluminar, clarear, botar fogo em volta. Sempre num sentido de muito mais clareza do que aquilo que jornalistas e cronistas do país inteiro costumam esconder por trás de suas odes musicais ou princípios traduzidos pela literatura. A palavra tomou um rumo muito mais de celebração do que ela mesma é isso.

  • Ser moderno

    O Globo, em 28/01/2023

    A história do mundo tem sido contada a partir de um formato consagrado nesses últimos séculos por cientistas sociais de respeito. Mas enquanto esses pensadores enlouquecem tentando desvendar a crise entre indivíduo e sociedade, os brasileiros reivindicamos a originalidade absoluta de nossos costumes, hábitos e hinos que afirmam nossa diferença. Vivemos nossa abençoada vagabundagem cantando cantigas originais, organizando relações sociais só nossas, pensando livremente sobre o que for.

  • Aos cuidados de Dona Margareth

    O Globo, em 08/01/2023

    Um país só existe como país quando é capaz de produzir uma cultura própria, alguma coisa que o diferencie dos outros. Repito: uma cultura própria que dirá primeiro o que ele é. E depois o que ele quer ser.

  • O guia de Deus

    O Globo, em 01/01/2023

    Eu tinha acabado de completar 10 anos de idade e ouvia sozinho, no rádio da sala, a final da Copa de 1950 contra o Uruguai, uma moleza para quem já tinha derrotado por goleada dois europeus de prestígio. Quando o locutor anunciou o fim do jogo me danei a chorar. Fui então para a varanda tentar esquecer a desgraça e lá senti que não passava mais nada pela rua São Clemente, a via movimentada em frente à nossa casa. Meu irmão mais velho me disse que agora seria sempre assim, ninguém ia se expor depois do vexame da Seleção.

  • Um conto popular

    O Globo, em 25/12/2022

    Meu avô nos contava histórias que nos encantavam e ainda, às vezes, nos faziam acompanhar suas risadas espetaculares. Uma delas ficou para sempre inesquecível. Pelo menos para mim.

  • Para que serve a cultura?

    O Globo, em 11/12/2022

    A gente sabe muito bem que a eleição recente de Luiz Inácio Lula da Silva foi, em parte, resultado de certas circunstâncias. Ele obteve os votos de seus parceiros do PT e os de seus permanentes eleitores; mas também, em parte, os votos daqueles que quiseram interromper o avanço insano do país em direção à autocracia fascista. Mais ou menos o mesmo fenômeno político que elegeu Jair Bolsonaro em 2018, com o sinal trocado.

  • Cadê elas?

    O Globo, em 04/12/2022

    Bem que eu gostaria de conhecer uma dessas brasileiras que estão renovando a cabeça de nossas mulheres, produzindo novas ideias políticas e adquirindo experiências inéditas nesse terreno. Gente como Simone Tebet ou Marina Silva, que têm o que dizer de nosso processo político e sabem muito bem como ele se dá. Gente que já tem uma experiência respeitável na área e pode ocupar um ministério ou um outro posto decisivo na consolidação democrática do país. Gente que pode um dia se tornar presidente ou governadora ou coisa parecida, ocupando um cargo para o qual foi eleita um dia com exclusividade.

  • O processo da mudança

    O Globo, em 27/11/2022

    Há um tempo, logo que tomei posse na cadeira número 7 da Academia Brasileira de Letras (ABL), sucedendo ao grande Nelson Pereira dos Santos, tendo o poeta Castro Alves como patrono e como precursores o romancista Valentim Magalhães e o ensaísta Euclides da Cunha, iludi-me com essas aparentes homenagens. Considerei-me um brasileiro de sorte que ganhara esses gênios como padrinhos de um inevitável sucesso particular. Hoje sei que esse “sucesso particular” era apenas uma hipótese remota, nunca inevitável.

  • Ressignificação brasileira

    O Globo, em 20/11/2022

    O “Fantástico” botou no ar uma “entrevista íntima” de Rosângela Silva, nossa nova primeira-dama, feita pela dupla de repórteres Poliana Abritta e Maju Coutinho. A carioca do Leblon e a negra de nossas tradições produziram um documento raro e indispensável da cultura política que torcemos para que esteja nascendo no Brasil, nesta fase alegre e iluminada de nosso país pós-bolsonarista.

     

  • Uma civilização inédita

    O Globo, em 06/11/2022

    Ufa! Ainda temos problemas a resolver com eles, mas a verdade é que já passamos pelo pior. Embora ele insista em discutir com a gente questões com as quais não temos mais nada a ver, sabemos que é pela transição e pela ocupação das cadeiras que são nossas por decisão do eleitor brasileiro que devemos dar os próximos passos, encurtar o caminho entre o resultado das eleições e o nosso papel na recuperação do Brasil.

  • Deus é brasileiro

    O Globo, em 30/10/2022

    Estou em Maceió. Em breve, vou começar a rodar aqui um novo filme, “Deus ainda é brasileiro”. Não se trata de uma continuação de “Deus é brasileiro”, nem mesmo como gênero. É apenas um spin of daquele filme feito há cerca de 20 anos, com um pedaço do mesmo elenco interpretando os mesmos personagens. Digamos que se trata de uma “comédia cívica” que, por isso mesmo, tem mais a ver com o Brasil de hoje, do que com o país de 20 anos atrás.

  • Tomara que não

    O Globo, em 23/10/2022

    Semana passada, contei aqui uma história, de hábito contada pelo grande cineasta Nelson Pereira dos Santos, uma história que terminava sempre com um desfile de boas notícias sobre eleições que estivéssemos vivendo naquele momento, como estas que vivemos hoje. Nelson faleceu em abril de 2018, para desgraça de nossa cultura e do cinema em geral, deixando entre os que ficaram o exemplo de um enorme cineasta, inigualável intelectual e um crítico bem-humoradíssimo da criação feita entre nós e que valia a pena existir.

  • Ficar igual ou mudar

    O Globo, em 09/10/2022

    E agora? Agora está na hora de encerrar as dúvidas, escolher um candidato que será definitivo por quatro anos. O que aconteceu no primeiro turno não interessa mais, já votamos nele e agora temos que escolher o candidato definitivo de nosso gosto. Tudo isso até o dia 30 de outubro, quando a coisa se encerra de vez.

     

  • Cultura é tudo

    O Globo, em 25/09/2022

    Acho que não preciso explicar o que significa, para mim, ocupar a cadeira número 7, a que foi de Nelson Pereira dos Santos, na Academia Brasileira de Letras (ABL). Às vezes, penso até que pode ter sido uma ousadia desavergonhada de minha parte, ter-me candidatado a ela.