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Platão

 

Platão

Marco Lucchesi

 

Como encobrir o amor, fatal e pertinaz, diante da polifonia de Platão?

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Somos satélites que giramos, de perto ou de longe, céleres ou tardios, presos em sua ilimitada força gravitacional.

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Se andassem perdidos, por um terrível acidente, os diálogos de Platão, não haveria Ocidente possível.

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As ideias, sem dúvida. Não esquecer, contudo, o princípio, ascendente e fulgurante, das ideias-número.

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O princípio de não contradição é o penhor da imortalidade da alma. Como garanti-la, após a fundação das lógicas modais?

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O juízo sintético a priori de Kant e a anamnese platônica. Não a natureza da alma. Antes, a eternidade da alma e a eternidade da Ideia. O semelhante conhece apenas o semelhante.

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A dimensão ôntica da ideia, livre do vínculo com a matéria sensível, o deslumbrante εἶδος, essa grande invenção comparece, pela primeira, vez no coração do Fédon.

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“Amam os deuses o justo porque é justou, ou é justo porque o amam os deuses?” (Eutífron)

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A temperatura emotiva do banquete contra a simplicidade fria e linear de sistemas desprovidos de entusiasmo.

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O que mais amo hoje em Platão? A dinâmica pura, a diuturna correção de rumos e o desafio da “segunda navegação”. Mas se precisasse salvar um único elemento, com uma ária de ópera, escolheria o lugar do número irracional de sua obra. A grande aporia transformada numa chave fascinante e integrada.

 

Revista Humanitas, 14/08/2020