
Uma crônica de 1994
Folha de São Paulo (São Paulo), em 02/07/2005Em janeiro de 1994, o sindicalista Cruz Filho, que trabalhava na tesouraria da CUT, foi assassinado por um companheiro de partido. No dia 13 daquele mês e ano, escrevi, neste mesmo espaço, uma crônica que considero atual.
A reforma política
Fonte: (www.miguelreale.com.br) em, em 02/07/2005É deveras deplorável a eclosão da maior crise ética de nossa vida democrática, como a que ainda estamos vivendo, para se tornar a falar em reforma política.
O Congresso quase inimigo do povo
Jornal do Commercio (Rio de Janeiro), em 01/07/2005Todo o estardalhaço da aparição de Severino no cenário nacional cria cenários surpreendentes para o desfecho do segundo tempo de Lula. Confunde os próprios equívocos, entrega as gafes para os tentos do governo, assume os desacertos para piorá-los e atravessa bodes expiatórios no caminho do sistema. E, embalde, atinge Lula, blindado no seu trato de graças e apoios populares. Nenhum anticlímax o fere fundo nesta perseverança do apoio do Brasil de fundo. Abalos, se os há de raspão, nada têm de comum com a crise das CPIs, ou com a tentativa de roubar do Planalto a ribalta por este exorcismo de todos os flagelos em que se transformou o terceiro poder da República. É exatamente o Lula que repete o óbvio, o que se mantém a todo pano, e sabe fazê-lo, tal como conhece cada dobra do ouvido popular.
Onde está a tomada?
Folha de São Paulo (São Paulo), em 01/07/2005Voltei ao Brasil e minha sensação foi a de quem chegou em casa e nada funciona. É como se, de repente, uma pane geral desligasse a geladeira, a máquina de lavar, a televisão, o DVD e até o fogão. Nem candeias estavam disponíveis.
Lembrança da FAAP
Diário do Comércio (São Paulo), em 01/07/2005Fui professor nas faculdades de Engenharia, Comunicação e Economia da FAAP durante dez anos. Indicado pelo professor Miguel Reale, então vice-presidente da Fundação, presidida pela sra. Lúcia Pinto de Souza. Iniciei minhas aulas depois de aprovado pelo Conselho Federal de Educação, em princípio de 1967, e deixei o magistério em 1976.
A CLT na reforma
Diário do Comércio (São Paulo), em 30/06/2005Saudoso amigo, o senador Alexandre Marcondes Filho me disse, mais de uma vez, que a CLT, como uma lei social para disciplinar o trabalho e garantir a tranqüilidade do trabalhador, deveria ser revista de tempos em tempos, isto é, atualizada.
As boas surpresas dentro do óbvio
Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), em 29/06/2005O desenrolar dos últimos dias, com a saída de José Dirceu e o novo desempenho que se talhou Roberto Jefferson, aponta, talvez, a uma quebra, no desfecho de sempre e sua receita, na ópera bufa das CPIs brasileiras. Dirceu veio à planície, mais que para aparar a estocada contra o Presidente, no empenho da volta às bases, para o fortalecimento de sua iniciativa política à vista do segundo mandato. Não saiu para o escanteio, nem como o perigo daninho, como se a sobrevivência do governo entrasse na contagem regressiva dos puros entre os dedos do sistema. A manifestação maciça de apoio ao ex-chefe da Casa Civil deu um teor todo, o contrário da nostalgia, como se começasse a arregimentação política para o novo tempo do PT no Planalto.
Os metecos brasileiros
Diário do Comércio (São Paulo), em 29/06/2005Os gregos criaram a palavra meteco , que é ou o estrangeiro desnacionalizado ou o estrangeiro que devasta terras de outro país. Sucintamente é esse o seu significado. Proponho-o para o Brasil.
Um romancista
Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro), em 28/06/2005No movimento natural de uma literatura, atividade subordinada ao tempo como tudo o mais, temos de vez em quando a necessidade real de rever livros e reavaliar tendências. Romances da segunda metade do século passado, quando se exigia que as mudanças fossem claramente identificadas, precisam ser reeditados a fim de que os julgamentos de então passem também por nova análise.
Dr. Daher Cutait e o túnel
Diário do Comércio (São Paulo), em 28/06/2005Conheci o saudoso Daher Cutait, professor de medicina e médico, coberto de louvores, no Rotary Club. Ficamos amigos e quando minha amada mulher foi internada no Hospital Sírio Libanês, do qual ele era diretor, nossa amizade estreitou-se, por ele visitá-la todas as manhãs.
Monkey Business
Folha de São Paulo (São Paulo), em 27/06/2005Pinturas de macaco alcançam R$ 61 mil. Três quadros feitos pelo chimpanzé Congo foram arrematados em leilão pelo norte- americano Howard Hong. Mundo, 22.06.2005
Vê aí as pizzas
Diário do Comércio (São Paulo), em 27/06/2005Os comentaristas e os observadores, até mesmo os neutros, não escondem sua desconfiança no propósito da Câmara dos Deputados.
Já não está mais aqui quem falou
O Globo (Rio de Janeiro), em 26/06/2005Jorge Amado, de quem pelo resto da vida me sentirei órfão, sempre me ensinava alguma coisa, às vezes obliquamente, com uma ironiazinha amistosa e divertida (agora me questiono, desculpem estes parênteses mal colocados, sei que abuso: pensei em escrever “amorosa” e aí usei “amistosa”, mas mandam a honestidade e a vergonha confessar que foi porque não quis me expor a piadinhas que na verdade refletiriam grossura ou má vontade da parte de seu autor e que, por que não dizer, eu estava agindo preconceituosamente, pois posso perfeitamente descrever meu relacionamento com ele como de amor fraterno, que eu tinha por ele e sabia que ele tinha por mim e portanto refaço o que ia fazer): Jorge Amado às vezes me passava ensinamentos com uma ironiazinha amorosa e divertida, volta e meia expressa apenas em gestos, mas quase sempre com histórias que eram meio parábolas. Ou então, sabedor de que meninos como eu e muitos outros o viam como sábio, exemplo de grande artista e a encarnação da generosidade, dava lições mesmo. Tenho-as bem estocadas na cabeça e consigo fazer uso de algumas, porquanto para outras careço da necessária categoria.
Um dia de janeiro de 2005
O Globo (Rio de Janeiro), em 26/06/2005HOJE ESTÁ CHOVENDO MUITO E A temperatura está perto de 3º C. Resolvi andar - acho que se não ando todos os dias, não consigo trabalhar direito - mas o vento também está forte, e voltei para o carro depois de dez minutos. Peguei o jornal na caixa de correios, nada de importante - exceto as coisas que os jornalistas decidiram que devemos saber, acompanhar, tomar posição a respeito. Vou para o computador ler as mensagens eletrônicas.