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Julgamento de Dallagnol era uma vergonha

 

As decisões dos ministros do STF Luis Fux e Celso de Mello sobre o julgamento de Deltan Dallagnol pelo Conselho do Ministério Público dão uma visão menos ideológica e mais técnica sobre a Lava-Jato.  A decisão de Celso de Melo é magnifica. Ele define o papel do MP como defensor da sociedade que não pode ser calado, fala sobre manobras políticas, define a Lava-Jato como a maior operação contra corrupção e condena a ideia de calar o seu coordenador sem ao menos direito de defesa. O ministro Fux, vendo que estava sendo preparada uma armadilha, anulou uma advertência contra Dallagnol, que seria um agravante contra o procurador.
O julgamento de hoje era sobre casos que já haviam sido julgados; estava tudo marcado para punir Dallagnol, com  uma série de irregularidades sendo aceitas como normais. Foi montado um circo para dar uma lição na Lava-Jato através de sua figura mais proeminente hoje.
Acredito que, a partir de agora, o caso irá seguir dentro dos parâmetros normais e assim, não há por que retirar Dallagnol da função de coordenador da operação Lava-Jato. Nada grave aconteceu para que ele fosse punido dessa maneira. Não é possível transformar em bandidos os juízes e procuradores que desvendaram o maior esquema de corrupção do país. Isso é uma reação política. O relator do processo, Bandeira de Mello, foi chefe de gabinete do senador Renan Calheiros, autor de uma das acusações. As cartas estavam marcadas, e é uma vergonha para o Conselho do Ministério Público.

O Globo, 17/08/2020