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A hora do tempo integral

 

Talvez seja o exercício do óbvio proclamar a necessidade do tempo integral nas escolas públicas brasileiras, mas é preciso repetir essa verdade até que ela se transforme numa realidade.

Isso foi muito debatido na reunião comemorativa dos 35 anos de existência da Abmes (Associação Brasileira dos Mantenedores do Ensino Superior), com a presença muito comemorada do ministro Mendonça Filho (DEM-PE).

Suas declarações foram aplaudidas, sobretudo quando afirmou que ainda teremos um longo caminho a percorrer até que se chegue a uma educação de qualidade.

Foi muito enfático ao defender a prioridade da educação em nossa sociedade e a colocação desse fato nas primeiras páginas dos jornais: "O Brasil padece de excessivo conservadorismo no trato da matéria. Quando Pernambuco resolveu ampliar as ações de reforma da educação, alcançou uma bonita liderança pública, resultado da sua constância no processo."

O ministro concorda que português e matemática são hoje piores do que há 20 anos e confessou que investimos 6% do PIB em educação, "mas gastamos mal e isso precisa ser devidamente corrigido".

Como gestor público, prometeu cuidar bem do patrimônio representado pelas escolas de ensino superior, para as quais existe em pleno curso o Fies (Fundo de Financiamento Estudantil): "Esse programa tem uma história de sucesso e devo assegurar a sua perenidade."

Ao falar depois do ministro Mendonça Filho, o presidente da Abmes, professor Janguiê Diniz, deu força a essas considerações e elogiou a decisão do Ministério da Educação de criar mais 100 mil vagas para o ensino superior brasileiro: "Se existe esse campo de expansão, por que não avançar sobre ele?"

A nosso ver, faz muito mais sentido criar novas vagas, por exemplo, no campo da medicina, sobretudo no interior brasileiro, do que valorizar a iniciativa denominada "Mais Médicos", com a contratação de profissionais oriundos de outros países, como fizemos com os médicos formados em Cuba.

Até que eles se adaptem e permaneçam em nosso território, melhor seria que valorizássemos as escolas existentes ou criássemos novas de alto gabarito, como pretende hoje o Conselho Nacional de Educação.

Recordamos com tristeza a iniciativa de alguns "monstros sagrados" da medicina brasileira que fizeram campanha pela extinção de faculdades de medicina, quando o certo é a atual política do MEC, recebida de braços abertos pelo sistema.

Vamos melhorar os cursos existentes e/ou criar novos cursos, com bons professores e equipamentos de primeira ordem, aqui incluídos os indispensáveis hospitais universitários. E, assim, teremos novos e competentes profissionais.

O Globo, 03/10/2017