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Foi assim o fim do Watergate

 

Se é verdade que o procurador geral da República Augusto Aras disse que tende a arquivar o inquérito, porque o depoimento do ex-ministro Sergio Moro não acusou Bolsonaro de nenhum crime, é um absurdo.  Tão absurdo que, se ele adotar esse ponto de vista vai se desmoralizar, pois foi ele próprio que identificou os diversos crimes que poderiam estar envolvidos no depoimento de Moro depois de ter saído do ministério. Cabe ao procurador investigar e não a Moro acusar. Além das provas que serão ou não investigadas pelos promotores, há o fato do vídeo citado por Moro da reunião ministerial do dia 22, quando Bolsonaro teria ameaçado o ministro de demissão por não dar informações sobre a PF e o general Heleno explicado que aquele tipo de informação não poderia ser dada. Neste caso, fica caracterizada a tentativa do presidente de interferir na PF. E se confirmada a hipótese de o vídeo ter sido apagado, fica claro que há alguma coisa a esconder e aí configura-se um crime óbvio. Foi assim que terminou o caso Nixon, no Watergate, quando parte da gravação foi deletada pela secretária do então presidente americano.

O Globo, 06/05/2020