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Corrupção no Rio era notória

 

Os indícios contra o governador do Rio, Wilson Witzel, estavam muito fortes, principalmente depois da prisão do subsecretario de Saúde. O desagradável é que fica sempre a suspeita de a PF estar sendo usada para atacar os adversários políticos do Palácio do Planalto. Bolsonaro festejar e dar os parabéns à operação da Polícia Federal tem o mesmo efeito dos cumprimentos e elogios ao procurador-geral da República, Augusto Aras. Com isso, tira a credibilidade dos órgãos que precisam ser autônomos. Essas suspeitas tornam nubladas operações que podem ser corretas, no meio de uma confusão política enorme. É notório que houve corrupção na montagem de hospitais de campanha do Rio e existem denúncias de corrupção em outros estados, sobre as quais deve ter apuração, mas precisamos ver se atingirá apenas governadores que estão na oposição ao Bolsonaro. É preciso decifrar em que pé está a interferência de Bolsonaro diretamente na Polícia Federal, especialmente no Rio.  Muita coincidência que tudo em primeiro lugar aconteça no Rio. A primeira decisão do novo diretor da PF foi a troca do superintendente do Rio, a primeira operação foi aqui também. É desagradável imaginar que o presidente esteja constrangendo Polícia Federal, procuradoria-geral da República e Ministério Público. Pode ser perigoso.

O Globo, 26/05/2020