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Carta aberta em favor de Paolo Dall'Oglio

 

Em nome de Deus o Clemente o Misericordioso

Aos heróis da guerra pela liberdade da Síria

Caros Irmãos

Acompanhamos do Brasil o testemunho de coragem  e grandeza de todos vocês,  que sonham e lutam pela liberdade da Síria, escrevendo páginas sublimes em prol da libertação de um povo martirizado, por décadas de opressão, dentro da mais alta perspectiva corânica da Justiça e da Misericórdia.
    
Acompanhamos com apreensão o desaparecimento do Abuna Paolo dall’Oglio, que ama a Síria e o Islã, sem-meio termo, com a entrega total de sua própria vida, dentro e fora da Síria. É um cristão singular, um verdadeiro abdâl, que junto com outros irmãos  e irmãs generosos da terra de Chan, foram escolhidos por Deus para sanar as feridas do mundo mediante o dom de si.  Alguém que faz ver ao Ocidente a suprema beleza do Islã, sua altitude e sentido ético. Diz com alegria no coração que se sente um muçulmano de inscrição cristã. Abraçou a Oumma com a integralidade da sua fé, fazendo-a sua companheira mais íntima, sua carne mesma. Toda a sua vida foi dedicada aos trabalhos humanitários e ao diálogo com os amigos muçulmanos. Cita o Alcorão com grande mestria e chora lágrimas de sangue pela liberdade de sua pátria, a Síria, que para ele é expressão viva da ressurreição.

Abraçou seu projeto-esperança com raiva e luz, com lucidez e coragem. E esse projeto transcende as perspectivas de fé, pois envolve a busca da verdade, da hospitalidade, da justiça e da beleza. Seu esforço maior vai no sentido de uma harmonia que preserve as evoluções plurais, de defesa de um caminho de abertura, de horizonte alargado, que permita a doação e a proteção da vida, esse mínimo que é o máximo dom de Deus, o Todo Misericordioso.

Escrevemos a vocês, homens de boa vontade, que ajudem a encontrar o padre Paolo. Todos os que desejamos uma Síria livre e renovada não podemos prescindir de uma figura de tamanha generosidade e relevo, que poderá contribuir para o diálogo profundo na promoção das formas basilares da paz.

Que Deus nos ilumine

Faustino Teixeira

Marco Lucchesi

Instituto Humanitas Unisinos, 05/08/2013