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Artigos

 
  • Eis a questão

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 07/10/2006

    No primeiro turno, alianças foram feitas em busca de mais espaço na TV. Parece absurdo, mas foi uma realidade. Agora, no segundo turno, esperava-se que as alianças fossem motivadas por idéias e programas comuns. Não é o que está acontecendo.

  • Canto de chegada, choro de adeus

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), em 06/10/2006

    Em 1998, na minha penúltima eleição para senador, conheci no Amapá uma repórter e apresentadora de televisão simpática, talentosa e inteligente. Era do Maranhão e fora contratada por uma equipe de TV para a campanha eleitoral do Amapá. Sorriso aberto, alegria sempre nos lábios. Era uma moça negra que transmitia aos telespectadores segurança e uma presença carinhosa. De grande coração, alegre, solidária.

  • O percento que falta

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro), em 06/10/2006

    Não podemos ter leituras equivocadas no percento que faltou a Lula no primeiro turno. Ganhará, agora, e de vez, pelo voto - opção de Lula - sobre o voto protesto, ou da indignação do instante. O confronto aí está, puro, muito mais do que entre regiões, na escolha básica entre o país instalado e a nação de fora. A queda do presidente no extremo Sul ou a surpresa de seu declínio no Centro-Oeste já podem refletir os hematomas localizados do país rico, que castiga nas urnas o situacionismo da hora pelos seus desconfortos.

  • Filosofia e sociologia no ensino médio

    A Gazeta (Vitória - ES), em 06/10/2006

    E assim vamos vivendo. De olho no futuro, mas sem deixar de prestigiar aquilo que, no passado, deu resultados concretos em termos de aprendizagem. Nada mais novo do que o velho que deu certo. Sociologia e Filosofia pertenciam à grade curricular do ensino médio. Foram retiradas não se sabe por quê. Agora voltam com força, para dar mais consistência ao aprendizado.Quando fizemos voltar a Filosofia, em 1980, parecia que o mundo viria abaixo. “Querem comunizar nossas crianças”, “Vão ensinar marxismo na escola”, “Não temos professores preparados” ou “Se vão ensinar história, pra que Filosofia?”. Respondemos, na Secretaria de Estado de Educação e Cultura, que nada daquilo ocorreria – e tínhamos professores habilitados, faltando treinamento adequado. Assim, a disciplina voltou para 120 escolas, no ano seguinte foram 250, até se generalizar a sua reintrodução em todo o sistema.A dra. Esther Figueiredo Ferraz, na época Secretária de Estado de Educação de São Paulo, pediu-nos uma visita ao seu gabinete, o que foi feito prontamente, pois queria conhecer melhor a experiência. Logo aderiu à idéia, como acabou acontecendo em praticamente todos os Estados brasileiros. Não houve nenhuma comunização, nem o simples ensino da história, e os resultados foram excelentes. Os alunos aprenderam a lidar com maior propriedade nos domínios da verdade.A decisão do MEC de aprovar parecer do Conselho Nacional de Educação, promovendo a inclusão obrigatória das disciplinas de Filosofia e de Sociologia, no currículo do ensino médio, a partir do próximo ano, tem o mérito de ir ao encontro da modernidade. São conteúdos indispensáveis ao exercício de cidadania: “As propostas pedagógicas das escolas deverão assegurar tratamento de componente disciplinar obrigatório à Filosofia e à Sociologia”.Assim pode ser alcançado um processo educacional consistente e de qualidade, na formação humanística de jovens, que se deseja sejam cidadãos éticos, críticos, sujeitos e protagonistas. Respeita-se a LDB, quando preconiza “o aprimoramento como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico.” Chega-se assim aos direitos e deveres dos cidadãos, ao bem comum e à ordem democrática.Como não existem mais currículos mínimos com disciplinas estanques, o Ministério da Educação, acertadamente, adotou o termo “componente curricular”, com o qual se espera que o educando, ao final do ensino médio, tenha o domínio dos conhecimentos de Filosofia e Sociologia necessários ao exercício da cidadania, como já foi referido. No parecer do CNE fica claro que os conhecimentos relativos à Filosofia e à Sociologia devem estar presentes nos currículos do ensino médio, inclusive na forma de disciplinas específicas. Vamos nos preparar para essa volta necessária. O ensino sairá enriquecido.

  • A grande virada

    O Estado do Maranhão (São Luís), em 05/10/2006

    Numa palestra no Conselho de Comunicação Social do Congresso Nacional, o professor Frederic Litto, diretor da Escola do Futuro, fez uma série de considerações de grande relevo para os que se debruçam sobre as nossas perspectivas no mundo globalizado. Há, hoje, dezenas de pedagogias variadas (não uma só), dada a organização diferente de cada cérebro, pela disposição nunca repetida de neurônios. Se é possível concordar com o dito “em cada cabeça, uma sentença”, como aceitar a apreensão de conhecimentos diferenciados, pelo mesmo e falsamente homogêneo grupo de pessoas?

  • Tijolo de segurança

    Folha de são Paulo (São Paulo), em 05/10/2006

    Quando publiquei o meu terceiro romance, em 1960, alguns críticos consideraram o título ("Tijolo de Segurança') enigmático e de mau gosto.

  • País decente, nação injusta

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), em 04/10/2006

    O 1% de menos para a vitória do presidente no primeiro turno pode ir à história como a perda decisiva da opção da mudança e de seu acesso pelo Brasil de fora. O país não sai apenas rachado do 1º de outubro. Expõe-se à tragédia, sem volta, do surto do moralismo político, como instrumento do status quo, em toda a força do seu comando mediático da opinião pública.

  • A turma dos exóticos

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 04/10/2006

    Causou perplexidade, sobretudo na mídia, a eleição de alguns candidatos que foram genericamente considerados "exóticos". Uma lista complexa, mais ou menos aleatória, que inclui desde a eleição de Fernando Collor para senador por Alagoas até o estilista Clodovil, que ameaça ser um deputado chique. Tudo bem. Presume-se que um deputado chique não participe de mensalões nem da vampiragem dos sanguessugas. Quanto a Collor, nada de exótico encontro em sua eleição. Ele sofreu o impeachment porque violou diversas regras do jogo político-administrativo. Foi punido, cumpriu a pena e, agora (acredita-se), pode ser absorvido pela sociedade no fundo. Esta é a finalidade básica das punições a qualquer crime: a integração na sociedade. É evidente que em alguns casos houve o voto de protesto, que em eleições passadas ameaçaram eleger um Cacareco e o Macaco Tião. Neste particular, melhoramos muito. Outra perplexidade que a mídia vem destacando é a eleição de Paulo Maluf. A se dar crédito à mídia, Maluf é o morto político mais vivo e notório da nossa vida pública. Há seguramente 20 anos, de tempos em tempos, decreta-se a sua morte política, no entanto, sempre que há eleição, ele ressuscita com boa margem de votos. Não dá para se eleger governador ou prefeito. Mas, para obter um lugar no Congresso, tem um capital próprio de votos que não emigram para outros candidatos.

  • Temporada de palpites

    Folha de são Paulo (São Paulo), em 03/10/2006

    Pensando bem, e com exceção de casos isolados nos diversos níveis das eleições de domingo, os resultados eram mais ou menos esperados: sobretudo a queda de Lula e a surpreendente arrancada final de Alckmin.Tenho a impressão de que, se a eleição fosse daqui a uma semana, Lula nem chegaria ao segundo turno. Embora não comprometido fisicamente com a novela do dossiê com que o PT tentava bombardear o PSDB, Lula pegou as sobras e pegará outras tantas à medida que as investigações prossigam até uma apuração final e fatal para o PT.Curiosamente, o papel de Lula foi muito mais ambíguo no caso do mensalão. Ele garantiu e garante até hoje não ter nada com a corrupção que marcou os últimos meses de seu primeiro mandato. Quanto ao dossiê, me parece um fantasma, pois ninguém viu, ninguém leu, ninguém sabe se existe mesmo, mas produziu o fato incontestável do dinheiro que veio de fora para dar uma desastrada ajuda aos interesses petistas de torpedear as candidaturas tucanas. É difícil acreditar que Lula esteja envolvido nessa lambança eleitoral, como é difícil acreditar que ele esteja inocente das lambanças anteriores.Em todo caso, a lambança do dossiê foi de tal ordem que sobrou para todos do PT, inclusive para seu presidente de honra. Ele terá menos de um mês para recuperar a sua imagem de traído e abandonado pelo próprio partido que criou.

  • Presença de Tobias

    Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro), em 03/10/2006

    A importância da presença de Tobias Barreto no pensamento brasileiro leva-nos a aferimentos dos diversos ângulos da nossa cultura por ele analisados. Foi ele, antes de tudo, um professor. Um professor escrevendo, um professor dando aulas, um professor discutindo e conversando. Como quem mais aprende é o bom professor, estudou Tobias o alemão, o que a ele possibilitou, juntamente com o francês e o inglês, um ingresso real nos grandes sistemas filosóficos de seu tempo.

  • Objetivo nacional

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 02/10/2006

    Em dias de tédio forçado por motivo de saúde, andei relendo o livro de Fraga Iribarne, "Un Objetivo Nacional", traduzido por Carlos Lacerda e escrito nos primeiros anos após a morte do generalíssimo Franco e a restauração da monarquia na Espanha, na qual o autor foi um dos ministros e mais tarde governador da Galícia.

  • A marca da energia

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro), em 23/09/2006

    Os exemplos são numerosos, sobretudo se considerarmos o que ocorre nos Estados Unidos. As universidades corporativas constituem-se em diversos campos bem diversificados. Elas existem em grandes empresas, como a Coca-Cola, a IBM e a Mc Donald"s. Fruto da existência da Era do Conhecimento, em que a qualidade das instituições universitárias e a diversificação dos serviços educacionais constituem premissa dos novos tempos.Em nações como a Coréia do Sul, a Índia e a Malásia alteraram-se as leis do país para facilitar a atração de investimentos internacionais, enquanto muitos dos seus alunos beneficiam-se de estudos no exterior, em animado e proveitoso intercâmbio cultural e científico. Em nossa visita à Suffield Academy, na região americana de New England, era comum o encontro com chineses, coreanos e indianos em seus corredores, para temporadas de estudos que depois os devolveriam às origens, atualizando os seus conhecimentos e os levando às suas origens.Nos tempos de globalização, a educação transformou-se num meganegócio, como atesta o Projeto Erasmus, da União Européia, que apóia a mobilidade de estudantes, professores e pesquisadores, em benefício da nova Era. No Brasil, podemos saudar com entusiasmo a existência das suas primeiras universidades corporativas, como a que acaba de ser criada pela Eletrobrás, por iniciativa do seu presidente Aloísio Vasconcelos.Preocupada com a perda de profissionais para o mercado de trabalho cada vez mais competitivo, a grande empresa brasileira de energia mobilizou suas forças e fez nascer a UNISE (Universidade Corporativa do Sistema Eletrobrás), com sede no Rio de Janeiro e ramificações em todo o País, nas regiões em que a instituição tem atuação. Vai pautar sua ação na gestão de pessoas em competências para que sejam alcançadas as diretrizes do seu planejamento estratégico, isso com características de realização de um sonho, de apreensão de um estilo corajoso e de olhos postos no futuro, conforme expressão do seu Chanceler.As empresas do sistema têm naturalmente um capital intelectual que precisa ser enriquecido. Como o processo de aprendizagem deve ser ativo e contínuo, para sempre, busca-se assim a excelência, num dos setores fundamentais do nosso desenvolvimento, utilizando modalidade que empolgou instituições do porte da Caixa Econômica, do Serpro, da Eletronorte, do Banco do Brasil e da Petrobras. Cada uma delas desenvolve a sua experiência, de forma crescente, como se não pudesse mais dispensar o seu uso corporativo. Assim se poderá assegurar, também, o compartilhamento dos saberes, abrindo o vastíssimo e atraente campo internacional, do qual não podemos, por motivos estratégicos, nos afastar.Para se ter idéia da seriedade do projeto, ele nasce com a possibilidade de emprego de todas as tecnologias disponíveis, videoconferência, internet, ilhas de edição digital, satélite, etc. Os cursos estão sendo programados, inclusive um MBA em Energia. O MEC já foi mobilizado para o estudo da certificação. A marca da energia, que simboliza a existência da Eletrobrás, poderá ser também a marca da educação corporativa. Todos ganharão com isso.

  • Às vésperas da "civilização do medo"

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro), em 22/09/2006

    Atingido com a baixa inédita dos 28% só de aprovação popular Bush parte finalmente para a estratégia de retorno aos píncaros da sua popularidade após o 11 de setembro. E aproveitou a relembrança dos primeiros cinco anos da data catastrófica para não deixar dúvidas quanto ao futuro que fecha a sua nação, aprisionando-a no universo de receio e de coabitação sem volta com o terrorismo.As últimas declarações da Casa Branca são incisivas quanto ao desafio à Corte Suprema americana que tornou inequívoca a coexistência de disposições críticas do Patriot Act - aprovado sob as cinzas fumegantes do World Trade Center - para um efetivo regime das liberdades e das garantias do direito do homem de que, afinal, foram predecessores fundamentais os founding fathers da primeira Carta americana moderna, de Franklin e Jefferson em Washington.O governo Bush não deixou dúvidas quanto ao apoio à CIA e às novas regulações de segurança quanto a manutenção de um regime duro de torturas diante dos suspeitos de terrorismo. Admitem a imersão da cabeça dos presos em baldes d"água, ou ameaças de inanição. E o presidente continuará a questionar a decisão-chave de 5 a 3 da Corte, e o Acórdão Soutes, quanto à obediência pelos Estados Unidos, às Convenções de Genebra, e a inclusão dos homicidas do Al-Qaeda às garantias dos prisioneiros de guerra.Desaparecerão, sim, no que se tornava insustentável diante do acórdão as muitas prisões secretas da CIA onde se presume se repetiriam as violências de Abu-Ghraib ou da tortura sistemática para obtenção das informações dos inimigos da humanidade na sua tentativa de abate do mundo do dito "grande Satã".O presidente não deixa dúvida sobre o quanto já, e sem volta, quer ser lembrado na larga perspectiva da história como o líder sem receio nem contemplação, da face implacável dos Estados Unidos diante dos seus inimigos. Mormente quando a alternativa, tal como repetiu Bin Laden nas últimas semanas, seja a da conversão da América ao Islão.Entorpeceu-se a grita contra a revelação das violências das torturas de Abu-Ghaib, mesmo quando agora o presidente confessa a existência de prisões secretas e palcos da extração de informações a qualquer custo dos terroristas. Democratas e republicanos reconhecem o perigo da nação ineditamente ameaçada, mas ainda hesitam sobre a prevalência efetiva da Rule of Law sobre o definitivo mergulho dos Estados Unidos nas leis de exceção e na protração indefinida de um inédito estado de guerra larvar para as próximas décadas.É de logo que o núcleo duro do Bushismo se revigorou no extremo deste neo-evangelismo conservador, que chegou a ver, através de Pat Dickson, por exemplo, a queda das torres como uma punição à América pela tolerância com o homossexualismo, o casamento gay, a complacência com o aberto e amplitude do consumo de drogas no seu território. E é nesta mesma hora que alguns senadores e senadoras "neocons", chegam até - para espanto póstumo e irredutível dos founding fathers - a reconhecer como após o Patriot Act os princípios evangélicos deveriam estar consagrados numa legislação americana que chegasse ao último maniqueísmo, e ao combate ao mal visto como ínsito ao terrorismo.Os mesmos grupos secundaram enfaticamente a reação de Israel frente ao Hezbollah, tanto os Estados Unidos se vêem sucessores da tarefa histórica da nação eleita por Deus. Washington reforçaria, num mundo dos jihads, a aliança com Deus, e a preservação dos valores de sua lei, no mundo corrompido na modernidade e sua devastadora secularização. Há seis meses ainda e antes da nova leva terrorista, o Congresso americano marchava para a abolição final do Patriot Act. Hoje se reconhece que não há conexão entre o Al-Qaeda e Saddam, se dá conta da multiplicidade dos focos de ataque aos Estados Unidos e que exige do país passar da defensiva às guerras preemptivas para destruir antecipadamente os adversários.Experimentada nos mísseis arrasa quarteirão em Beirute no sul do Líbano, a preempção se alinha, em todo o seu portento, no que seja uma resposta final aos arreganhos de Ahmadinejad. O que de toda forma parece desaparecer é qualquer tentativa de que os Estados Unidos aliem-se às Nações Unidas, à prevenção do genocídio ou do etnocídio e na aceitação da Corte de Haia como para o julgamento dos crimes contra a humanidade.De toda forma, a comemoração deste qüinqüênio do horror da queda das torres mostra como o seu abalo foi além do ground zero. Uma nova filosofia defensiva pode ir ao pedido de emenda constitucional e quiçá até ao seu plebiscito. A Corte Suprema julgou a violência de Guantanamo e o atentado aos direitos de seus detentos frente à Carta de Jefferson e de Roosevelt. O sucessor de Bush terá a responsabilidade de confirmar ou não a expectativa do mundo livre, de que o país canônico das liberdades não fecha, de vez, os cadeados de uma "civilização do medo".

  • Que tempos de viver-se

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), em 22/09/2006

    É difícil cooptar um assunto em meio a tantos que circulam nas manchetes políticas e policiais. Você não vive o dilema de um escritor em busca de personagens, mas a necessidade de convencer um tema a que ele entre em seu artigo. Quase sempre, quando existem muitos, ele resiste.