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Artigos

 
  • Uma desnecessária usura do poder

    Como o Governo Lula responde ao “a que veio”, em tempos e seqüências tão distintas das expectativas do Brasil estabelecido? O primeiro ano de mandato transformou os aliados eleitorais do PT em sócios efetivos de um programa de poder: deu a partida nas reformas ditas de base como índice de modernização institucional do País; diferenciou o caminho da mudança à margem dos purismos ideológicos e dobrou a sua facção radical; inaugurou uma política externa de novas alianças, por fora dos denominadores tradicionais das periferias e de seu petitório clássico.

  • Esperança selvagem

    O quadro das expectativas do governo Lula enfrenta, com a crise Waldomiro, risco muito diverso da clássica decepção com mais uma equipe do Planalto que não escape ao ferrete da corrupção. Um governo da mudança e intrinsecamente disposto à transformação social é também o dos olhos de ver a realidade de onde parte; e do que seja a estrutura social em que se enraíza.

  • O PT, velha e nova esquerda

    O que resultou, de fato, da reunião de São Paulo, quando, pela primeira vez, abrigamos na terra de Lula, e do novo símbolo da mudança social o encontro da Internacional Socialista? E para dizer dos outros caminhos do mundo, assediado pela hegemonia do mercado global? Foi talvez um alerta aos cuidados, senão a novas guinadas, o não se ter entoado o hino lendário da entidade durante a enorme reunião. Estaria ou não, aí um sinal de que é outra, agora, a clarinada de fundo, para formular a alternativa ao universo unipolar em que mergulhamos?

  • O primeiro dever de Lula

    Enganam-se as Cassandras a procurar em episódios como o de Waldomiro, o começo da perda de encanto do Governo. A matéria-prima do enlevo com o regime não se atrita pelas escaramuças continuadas, onde é a retranca do status quo que aparece e não o despontar do inédito de agora; do que realmente sensibiliza o que antigamente se chamaria do povão; do que responde por esta sensação de que se virou a página do País que estava aí. São outras as expectativas do enorme estrato de população que pela primeira vez se vê no poder, e quer o recado material de que o País mudou. Do sucesso do Fome Zero à transferência das águas da bacia do S. Francisco, fertilizando o Nordeste, ao sucesso da Bolsa-Escola. A busca destes resultados vem de par com a rememoração, a cada momento gratificante, da investidura de Lula, e as iniciativas que a reflitam, na expectativa de um outro Brasil, de outra exigência, que a da reiteração do imperativo ético nas relações de poder.

  • A outra agenda da educação

    O ministro Tarso Genro supera, na sua pasta, a opção entre achar e fazer. O primeiro ano do Governo Lula mereceu do líder gaúcho uma das reflexões mais agudas do que fosse a saída do idealismo, para entregar-se à exigência da mudança. Deu-nos a busca do que fosse “uma esquerda em processo”, no avanço realista de um projeto de transformação social que demora, parece desgarrar-se mas não se rende. A ambição desses resultados, na área específica da educação, supõe, inclusive, a amplitude polêmica, como a entendeu Cristovam Buarque, como um ingrediente da tomada de consciência que já é parte mesmo de uma ação que persiga a verdadeira diferença no recado do Governo.

  • Uma perversa reforma eleitoral

    A reforma política vem aí no arrasto da dita modernização, ou seja, do que é já possível mudar num consenso adiposo contra as práticas passadas, enfim, ao arcaico, e unanimemente.Mas não se trata do avanço da consciência coletiva, que o peso de uma vitória como a do PT acarretaria na aceleração do novo. Não é sem razão que o relator do projeto, sacramentado por gregos e troianos, seja o deputado Ronaldo Caiado, o mesmo do partido dos ruralistas, que hoje enfeitam a vistosa direita do PFL.

  • Começa o mea culpa no Iraque

    A assunção pelo general Wesley Clark da liderança de uma candidatura democrática à presidência americana em 2004 abre uma nova postura crítica na opinião pública à perspectiva da Star War no Iraque. O militar celebrizou-se pela procura da paz como comandante da Nato na Bósnia e no Kosovo. E protagoniza hoje um papel para a superpotência que se recusa à hegemonia mundial, sem retorno. Clark cresceu nos últimos meses como um comentarista implacável, na CNN, da conduta das forças de Bush, levando ao atual impasse no Iraque e seu vespeiro. A campanha eleitoral começa pelo combate aos estereótipos da extrema direita americana que também ensaiam as suas armas pela pregação do programa por um Estados Unidos sem rival no século.

  • Campus e transformação social

    O ministro Tarso Genro tem, de saída, marcado o seu tônus realista na abordagem das tarefas que elegeu na pasta da Educação. A palavra-chave é foco, a privilegiar as iniciativas que respondem aos temas-chave para julgamento de um governo de mudança. Mais do que isso, o timbre da objetividade do titular é de procurar uma estratégia que, pelos efeitos imediatos, multiplique o horizonte ulterior.

  • Aliança pela latinidade

    Jacques Chirac apoiou a criação do “Fundo Lula”, iniciativa inédita de potência do primeiro mundo, acolhendo a proposta de décadas das periferias. Amadureceu, sobre outras bases, a idéia da taxa Tobin, de extrair percentos da abastança dos ricos em favor da mudança social dos países desmunidos. O alvo é o comércio de armamentos e o presidente francês não deixou dúvida quanto ao impacto da garfada, já que a sua nação é a terceira exportadora mundial deste produto. A atitude marca um novo protagonismo da velha Europa, a partir de Paris. Acompanha o racha começado contra a guerra no Iraque, tornado nítido na Conferência de Evian, no ano passado - onde o presidente Bush compareceu entre duas portas giratórias.

  • Cursos jurídicos e cidadania

    Vem-nos agora, com o interesse, aplauso e espanto em todo o Brasil, a iniciativa da OAB de recomendar, ou não, os atuais cursos jurídicos do País. Trata-se de aplicar o dito selo de qualidade, instalando na área universitária a informação ao consumidor como sugerem os incentivos, urbi et orbe, da produtividade capitalista. Não se trata, pois, de definir aprovados e reprovados, como propagou a mídia, qual passagens para o paraíso ou o inferno das nossas faculdades. O martelo da Ordem privilegiou 69 unidades entre 248 casas de ensino. Mas nada foi dito quanto aos critérios do selo. Que bases, que amostragens, que eixos comparativos usou a Ordem, entre as 248 casas de ensino submetidas ao seu olhar e ao seu cutelo?

  • Lula e a impaciência de salão

    Em todos os dados do pró e contra do ano I do PT avulta um número crucial: a permanência da confiança em Lula, por 69% da população, não obstante o apoio ao governo flutuar em torno de 45%, no seu suporte. O mais estável dos capitais para os meses à frente é o da solidez da espera do país, a ter como artífice a exclusivíssima figura do presidente. Árbitro da esperança do outro Brasil, pela primeira vez trazido à crença na viabilidade da mudança. Não é nos “sem terra”, ou nas populações marginais, que se vê a rebeldia às promessas do PT. Mas nos donos do poder e sua impaciência de salão.

  • Verão de remarcações políticas

    A vinda do PMDB ao poder define uma ambiciosa estratégia do Governo para assegurar uma vantagem qualitativa na conquista do Brasil das prefeituras. Permanece hoje um condomínio de base - naquele país profundo - entre o PFL e o PMDB. Neste verão o PT quer remarcar estes preços políticos. O poder municipal em 80% do seu conjunto na verdade se divide entre os chamados partidaços, sucessores tradicionais da Arena e do MDB, tal como estes são herdeiros do PSD e da UDN, do primeiro retorno à democracia no pós Estado Novo.

  • A onda petista e a impaciência disciplinada

    A superlegitimidade da eleição de 27 de outubro acelerou de imediato a expectativa nacional pela guinada de poder. Define também uma pauta inescapável para a tentativa de pôr-se à obra uma sociedade em mudança. Descarta-se, por aí mesmo, toda a viabilidade de uma ação de ruptura, tangida pela impaciência acumulada numa "esquerda da esquerda", ou na dita explosão da "forra da esperança". Fora do sistema, a marginalidade foi à mobilização continuada no pressionar o regime visto como barreira ao acesso do outro Brasil.

  • O inevitável bom senso cívico

    Não tivemos, desde a "cristianização" do candidato governamental contra Vargas, eleição mais rebelde aos donos do poder e ao Brasil de todo o sempre, que a do próximo 6 de outubro. Domina a cena a proeza decisiva do primeiro partido moderno do País, ensejando ao PT a vitória com o sucesso pertinaz, de disciplina, consulta às bases e, sobretudo, capacidade de aglutinação de Lula. O que mais ressalta é o profundo amadurecimento, mais que do candidato, da própria consciência política brasileira. Alastrou-se, nesses dias sísmicos do País diante da telinha e do noticiário jornalístico, derrubando, de vez, o comício das turbas despejadas dos ônibus-monstro e dos candidatos-pretexto, para o sucesso das duplas sertanejas.