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O pardal na janela

Alberto da Costa e Silva

Essa publicação faz parte da coleção Coleção Austregésilo de Athayde

 

Do acervo de textos que, desde os 15 anos de idade, Alberto da Costa e Silva publicou em revistas e jornais, reuniu ele neste volume, uma vintena dos que mais lhe falam à lembrança. Em sua maioria, sobre poetas e poemas. O mais antigo, a comentar versos de Augusto Meyer, data de 1951; o mais recente, sobre Abgar Renault, de 2001.

[...] Toda a história da poesia, como de resto das outras artes, é esse entrelaçar de vozes, que se aproximam ou se contrapõem, que prosseguem uma linha de exposição ou a mudam de rumo, em que um verso de um poeta estimula outros, em que há encontros de temas e de inflexões, de técnicas e de sensibilidades. Isso pode ser evidente, como quando Picasso repinta Las meninas de Velásquez, ou Manoel Calvo transforma La alegoría de la fertilidad, de Jordaens, em La fertilidad de la alegoría, ou como quando personalidades tão distintas, como Marquet, Picasso, Dalí e Bracque, abordam o tema da janela aberta sobre o mar. Pode ter também maior profundidade no tempo, como quando Vermeer reaparece em Mondrian, ou Os lusíadas e a Divina comédia, em Invenção de Orfeu, ou ser mais discreto nas aparências, embora de forte intensidade no estímulo e nas ressonâncias.

Aquele a quem se dirige a obra de arte também não se livra, felizmente, dessas aproximações. E uma das grandes alegrias da leitura é perseguir um texto no outro, confrontar o que se tem diante dos olhos com o que persiste na memória, verificar, por exemplo, como duas sensibilidades diferentes tratam um mesmo assunto. [...] (De "O aprendizado de Orfeu")

Ficha da Obra

Autores: 
Alberto da Costa e Silva