
A defesa do STF
[2]Entre os desserviços que o ministro Ricardo Lewandowski está prestando no julgamento do mensalão, talvez o mais nocivo seja a tentativa de desacreditar o STF nos seus comentários paralelos.
Entre os desserviços que o ministro Ricardo Lewandowski está prestando no julgamento do mensalão, talvez o mais nocivo seja a tentativa de desacreditar o STF nos seus comentários paralelos.
Ignorante em política e em direito, mesmo assim me atrevo a dar um palpite: o PT não será o mesmo depois do julgamento no STF, que ainda não terminou. Falta o segundo tempo e o escore está na base do 3x1 a favor da condenação da maioria dos réus ou corréus --palavra que acabei de aprender e tenciono usar daqui em diante para designar não o Zé Dirceu ou o Zé Genoino, mas a humanidade inteira, na qual, a contragosto me incluo.
O pessoal mais antigo da ilha tem muita saudade das eleições nos velhos tempos. Uns se queixam da avacalhação, porque outrora era uma coisa solene e séria, os homens de bem envergavam paletó e gravata, faziam a barba, botavam água de cheiro atrás das orelhas, no sovaco e no lenço, metiam no bolso a caneta Parker usada somente nas grandes assinaturas e se apresentavam decentemente para o cumprimento do sagrado dever. Outros reclamam da falta de graça de não ter mais de ficar escondido por trás de uma cortina, escolhendo cédulas e enchendo envelopes, ou marcando cruzinhas na chapa. E, além disso, eram tempos fartos, o eleitor se dava melhor. Há quem se recorde saudoso da ocasião em que um certo coronel, além dos benefícios que fazia a todos os correligionários, deu um queijo de cuia a cada eleitor - isto mesmo, um queijo de cuia inteiro, ainda dentro da cuia - era acabar de votar e retirar o queijo. Hoje não há mais disso, já se perdeu essa grandeza, eles só querem continuar mamando e não dão nada a ninguém.
A eleição “mais complicada” já havida em São Paulo, na opinião de Lula, deve ser também, em nível nacional, a mais fragmentada dos últimos tempos, de acordo com pesquisa do Datafolha, com pequenas legendas ganhando destaques pontuais, como o PRB em São Paulo.
A visita do primeiro-ministro Cameron ao Brasil permitiu, num eco preciso, a força do recado da nossa presidente na Assembleia Geral das Nações Unidas. Os pronunciamentos, aliás, em Nova Iorque, marcaram, este ano, a clara busca das diferenças nas atitudes nacionais, frente à superação, de vez, de uma globalização hegemônica.
Teremos hoje, pelo menos assim está programado, o segundo tempo do complicado debate no Supremo Tribunal Federal, cujo placar é de 3 x 1 pela condenação da maioria dos réus da chamada ação penal 470, também conhecida como mensalão. Além do prognóstico que cada um faça sobre o resultado final, acredito que duas conclusões podem ser tiradas desde agora.
Nada mais sintomático do que a definição do governador de Pernambuco Eduardo Campos de que os resultados das eleições municipais marcam um rearranjo das forças políticas no país. Os resultados já indicavam que o PSB é o partido que mais cresceu em número de prefeituras, e algumas vitórias simbólicas já no primeiro turno como em Minas e no Recife, e boa chance de vencer o segundo turno em Fortaleza, deram ao partido uma visibilidade nacional que forçará uma reacomodação de forças dentro da base aliada num primeiro momento.
Nas disputas dos vices, o face a face de Ryan e Binden, no seu único debate durante a campanha, permitiu a saída de cartas na manga entre os candidatos, ou, sobretudo, do confronto mútuo de surpresas.
Aprendi alguma coisa de útil ao acompanhar os debates no STF da ação penal 470. A começar pela dicotomia do assunto, que para alguns era o mensalão e, para outros, a própria ação penal 470. A lição que aprendi, tardiamente, é a fragilidade dos sinônimos -que, em linguagem verdadeira, não existem.
De forma lapidar, o ex-ministro da Cultura Gilberto Gil já sentenciou em um de seus grandes sucessos, há décadas: “A aranha vive do que tece. Vê se não esquece.” Menos poética mas igualmente clara, a ex-ministra Ana de Holanda saiu “Em defesa da criação”, afirmando em recente artigo: ” O que estamos assistindo, em tempo de megadisputas e transações de conteúdos entre os provedores, sites de buscas e softwares é uma violenta campanha, através de seus representantes oficiais ou não, pelo afrouxamento do controle dos direitos autorais.”
Pelo jeito, vamos ter, encerrado o julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal, uma disputa entre poderes para o cumprimento de penas pelos réus que têm mandato parlamentar. Crise que pode ser agravada pelo PT se insistir na tese, legal, mas aética, de que o ex-presidente do partido José Genoino deve assumir um mandato no lugar do deputado Carlinhos Almeida, eleito prefeito de São José dos Campos.
Uma furadeira na mão poderia ser uma arma. O som de um pneu estoura poderia ser o de um tiro. Eram possibilidades, viraram tiros certeiros. Rafael da Silva. 17, morreu no domingo com uma bala de fuzil no pescoço quando estava no carro da mãe com cinco jovens em Cordovil, na zona norte do Rio. Policiais disseram ter ouvido um "disparo". O sargento da PM está preso. Hélio Ribeiro, 47, morreu em maio de 2010, atingido por um disparo no terraço de casa, no Andaraí, com uma furadcira na mão. Sua mulher regava as plantas. A polícia fazia uma operação na área e achou que tinha uma arma. O cabo do Bope que o matou foi absolvido.
A confirmação de que a presidente Dilma nunca levou em conta a sugestão de não comparecer à posse do relator do mensalão, ministro Joaquim Barbosa, na presidência do Supremo Tribunal Federal, dada por Jorge Bastos Moreno na sua coluna de ontem, é um alívio para quem se preocupa com os avanços de certas áreas petistas sobre a institucionalidade democrática.
Um dos motivos do nosso orgulho nacional, que o próprio Lula invocou há tempos, é que não temos vulcões nem terremotos. Nossas relações com o planeta Terra são relativamente boas, temos enchentes que não chegam ao nível de furacões. Os nossos temporais produzem vítimas e estragos, mas a culpa não chega a ser da natureza, mas da legislação e da fiscalização nas áreas de risco. As tragédias que sofremos neste setor poderiam ser minimizadas.
Com a presença de autoridades e especialistas, a Fundação Getúlio Vargas realizou em sua sede, no Rio de Janeiro, o seminário nacional “Desafios educacionais com foco na inovação”, sob a coordenação dos professores Fátima Bayma e Antonio Freitas. Foi uma excelente oportunidade para debater os nossos principais problemas, partindo da premissa de que o ensino fundamental, quanto ao atendimento, vai bem, obrigado. Está praticamente universalizado. A questão toda se concentra na qualidade do que é ministrado, com a certeza de que operamos com uma enorme precariedade na área do magistério. Outra certeza é a de que temos um ensino médio caótico, precisando de um ajuste urgente. Há muita desistência nesse segmento e as causas são variadas. A principal delas é o declarado desinteresse dos estudantes pelo enxundioso currículo com que se veem às voltas, hoje com 13 matérias (há projetos para ampliar ainda mais esse número). O pensamento dos jovens é bastante objetivo: pra que vou me dedicar a tantos assuntos que aparentemente não têm nada a ver com o que vou me envolver, no ensino superior?
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