Já tive oportunidade de denunciar aqui a aleivosia segundo a qual, quando o mundo acabar, lá na ilha nós só iremos saber uns cinco dias depois. Isto é fruto de inveja e despeito contra a pátria itaparicana. Pelo contrário, a julgar por certas circunstâncias, deveremos estar entre os primeiros a ser informados ou até convidados especiais. Em meio aos nossos inúmeros filósofos, pensadores, visionários e estudiosos de alta escatologia, muitos têm opiniões sólidas sobre o assunto e diversos conhecem datas e pormenores copiosos. O finado Americano, que nunca esteve sóbrio um só instante em toda a vida e morreu com uns noventinha, me disse uma vez que um belo dia o mar ia felver, ia felver, escaldar a ilha toda e, logo em seguida, o resto do mundo. Hélio Bríbria, que não larga a Bíblia e sabe de cor todas as profecias terríveis, fica checando tsunamis, terremotos, erupções e outras catástrofes, lê um trecho da Bíblia que julga apropriado para o evento e, os olhos brilhando, dá umas casquinadazinhas de satisfação. “Hi-hi-hi!” faz ele. “Vocês todos vão se lascar, tá tudo escrito aqui, tá tudo acontecendo!”