
Artigo
A China e a princesa Mazako
Folha de São Paulo (São Paulo - SP), em 28/05/2004Helmut Schmidt, ex-chanceler da Alemanha, notável estadista, fazendo visões e profecias sobre o século 21, disse que "o novo e o atual século será da Índia, e não da China".
Caras e caras
Folha de São Paulo (São Paulo), em 23/05/2005Já foi o tempo em que "governar era abrir estradas". De Washington Luiz, autor da frase, a Lula, autor de outra frase -"olhem para minha cara e vejam se estou preocupado"-, as coisas mudaram, acho que para pior.
PT e continuísmo na contramão
Não nos basta a derrota da lei antibingos, o disparo do dólar, o desnecessário quiproquó internacional com o New York Times. Essa chegada aos meados de 2004 levanta incidente mais inquietante à imagem política que o PT trouxe ao primeiro plano do poder. Difícil emergência mais nítida, puxada pelo roldão da vitória, que a de João Paulo Cunha no comando da Câmara. A sua expertise devemos a votação das reformas da previdência e fiscal. O deputado paulista tornou-se peça chave na administração desta inédita supermaioria do Governo, transpondo, sem perda, da massa, o peso dos partidos aliados, aos votos no Congresso para o desemperro do statu quo brasileiro. João Paulo, a partir do trabalho conjunto com a Casa Civil, costurou o fio do adesismo mais atilado, com a visão clara dos prêmios e rações efetivas a que poderiam fazer jus, pondo em marcha o aparelho legislativo nacional.
Euclides da Cunha e a Abolição
Diário do Comércio (São Paulo), em 23/05/2005No suplemento de sua edição de domingo atrasado a Folha de S. Paulo publicou dois artigos de Euclides da Cunha sobre a Abolição da Escravatura.
O penico de Napoleão
Folha de São Paulo (Rio de Janeiro), em 22/05/2005Como qualquer mortal, ou mesmo imortal, volta e meia questiono meus conceitos e atitudes. Ultimamente, olhando tudo em conjunto, o que fiz de ruim e deixei de fazer de bom, tenho vontade de subir à montanha e pedir clemência, implorar o perdão de todos.
Conversa de bêbado no alto escalão
Jornal do Brasil (Rio de Janeiro - RJ), em 26/05/2004Mesmo nos anos mais duros da guerra, quando os aviões da Luftwaffe despejavam bombas sobre Londres e outras cidades inglesas, Winston Churchill jamais dispensou uma garrafa de champanhe ao almoço e outra ao jantar; uma dose de uísque ao entardecer e duas ou três antes de deitar-se, às duas da manhã. Então metia-se na cama, dizia para si mesmo ''danem-se todos!'' e dormia tranqüilamente, sem sonhar. Alcançar objetivos concretos, na paz ou na guerra, constituía para ele algo melhor do que o sonho. E se a realidade incluísse garrafas de fermentados ou destilados, melhor.
Alegria, alegria
O Globo (Rio de Janeiro), em 22/05/2005Pelo menos no dia e na hora em que escrevo, faz um lindo dia outonal, como espero que também neste domingo. Os ares parecem puros, o céu está azul e límpido e a orla da Baía de Guanabara, que fica aqui tão pertinho de onde eu moro, lá permanece em sua formosura esplendorosa e irrespondível. Devemos, portanto, estar felizes. Claro, a bela leitora (não é machismo ou discriminação, são hábitos de antanho, pois diz a lei que sou do tempo dos afonsinhos) e o inteligente leitor (idem) podem ser agnósticos ou ateus, mas também podem fingir por um momento que não são e pensar como de fato o Senhor Bom Deus caprichou ao nos dadivar a nossa terra - e não somente o Rio, é claro, mas tão grande parte de toda ela.
A insubmissão de um poeta
Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro - RJ), em 25/05/2004A medida do verso, a métrica, o ritmo, a cadência, a pulsação de um grupo de palavras dispostas em determinado jeito, tudo o que dá à poesia seu caráter de canto, de cântico, de cantiga, de peça oral vocabular, de monólogo cantado em silêncio, tudo está ligado a movimentos e ao compasso da vida comum dos homens, a seus ritos cotidianos e a seus passos, rápidos ou mansos, em cima de um chão.
As bruxas e o perdão
O Globo (Rio de Janeiro), em 22/05/2005NO DIA 31 DE OUTUBRO DE 2004, aproveitando-se de uma lei feudal que foi abolida no mês seguinte, a cidade de Prestopans, na Escócia, concedeu o perdão oficial a 81 pessoas - e a seus gatos - executadas por prática de bruxaria entre os séculos XVI e XVII. Segundo a porta-voz oficial dos Barões de Prestoungrange e Dolphinstoun, “a maioria tinha sido condenada sem nenhuma evidência concreta - com base apenas nas testemunhas de acusação, que declaravam sentir a presença de espíritos malignos.” Não vale a pena lembrar de novo todos os excessos da Inquisição, com suas câmaras de tortura e suas fogueiras em chamas de ódio e vingança. Mas há uma coisa que me intriga muito nessa notícia. A cidade e o 14 Barão de Prestoungrange & Dolphinstoun estão “concedendo perdão” às pessoas executadas brutalmente. Estamos em pleno século XXI, e os descendentes dos verdadeiros criminosos, aqueles que mataram inocentes, ainda se julgam no direito de “perdoar”.
A justiça é cega
Folha de São Paulo (Rio de Janeiro), em 21/05/2005Alguma coisa de ruim estava para acontecer na vida e naquela manhã de Leopoldo Quintães, escrivão-substituto da 42ª Vara Cível da Comarca do Rio de Janeiro. Como sempre fazia, chegou cedo ao fórum na rua Dom Manuel, cumprimentou o porteiro e o ascensorista, subiu ao 9º andar, cumprimentou o faxineiro que espanava a pilha de processos que seriam despachados, à tarde, pelo juiz titular da vara, Hugo Backer.
Famílias sem comida
Diário do Comércio (São Paulo - SP), em 25/05/2004Quem freqüenta os restaurantes dos Jardins e não toma conhecimento, por exemplo, do Bom Prato, da rua Francisco Alvarenga, na várzea do Carmo, não faz idéia do acerto da pesquisa do IBGE, sobre as necessidades da família brasileira, mesmo numa capital de alto poder aquisitivo, como é São Paulo. Os restaurantes cheios, enquanto em numerosos lares o menu, se pode usar a palavra francesa, é dos mais pobres, de fazer pena aos corações sensíveis.
Respondendo à fome de universidade
Jornal do Commercio (Rio de Janeiro), em 20/05/2005Aí está claramente a contribuição do ministro Tarso Genro em tornar a pauta da educação, sem dúvida a mais relevante, na fronteira das conquistas sociais a que responde especificamente o recado do Governo Lula. Não se trata apenas já de mostrar os índices desses dias da baixa a 3% da falta de escolaridade básica no País. O avanço do Prouni, com o apoio logrado da área pública e, sobretudo, decisivamente privada do terceiro grau, mudou uma atitude, inclusive, nesse avanço qualitativo do ensino brasileiro. Passa-se a sobrelevar este outro dado, tão percutente quanto o do analfabetismo que era o da massa de estudantes capacitados à entrada no campus, e barrados pela falta de vagas da área pública, de par com a ausência de poder econômico para ingressar na área particular.
O piano de Napoleão
Folha de São Paulo (São Paulo), em 20/05/2005A América Latina, que sempre teve a imagem de um caldeirão social, entrou nos anos 90 como lugar de arrumação sob a forte influência das políticas mundiais de estabilização, à base do neoliberalismo. Estas, dando predominância ao econômico sobre o social, não ofereceram as respostas reclamadas pela sociedade, que procurou novos caminhos, levando ao poder líderes-símbolos da esquerda latino-americana.
Um chope e dois pastel
Folha de São Paulo (São Paulo), em 20/05/2005Nas três operações da mente definidas pela lógica de Aristóteles, a simples apreensão é comum a todos os animais, inclusive e obviamente ao homem. Vem, depois, o juízo, ou seja, a faculdade de emitir submete a apreensão ao juízo e daí resulta o raciocínio, que deu ao homem a faculdade, tornada necessidade, de se expressar. Fruto da apreensão, do juízo e do raciocínio, o homem logo desenvolveu a articulação verbal para denominar a apreensão, desenvolver o juízo e expressar o raciocínio.