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Artigo

  • Às vésperas da "civilização do medo"

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro), em 22/09/2006

    Atingido com a baixa inédita dos 28% só de aprovação popular Bush parte finalmente para a estratégia de retorno aos píncaros da sua popularidade após o 11 de setembro. E aproveitou a relembrança dos primeiros cinco anos da data catastrófica para não deixar dúvidas quanto ao futuro que fecha a sua nação, aprisionando-a no universo de receio e de coabitação sem volta com o terrorismo.As últimas declarações da Casa Branca são incisivas quanto ao desafio à Corte Suprema americana que tornou inequívoca a coexistência de disposições críticas do Patriot Act - aprovado sob as cinzas fumegantes do World Trade Center - para um efetivo regime das liberdades e das garantias do direito do homem de que, afinal, foram predecessores fundamentais os founding fathers da primeira Carta americana moderna, de Franklin e Jefferson em Washington.O governo Bush não deixou dúvidas quanto ao apoio à CIA e às novas regulações de segurança quanto a manutenção de um regime duro de torturas diante dos suspeitos de terrorismo. Admitem a imersão da cabeça dos presos em baldes d"água, ou ameaças de inanição. E o presidente continuará a questionar a decisão-chave de 5 a 3 da Corte, e o Acórdão Soutes, quanto à obediência pelos Estados Unidos, às Convenções de Genebra, e a inclusão dos homicidas do Al-Qaeda às garantias dos prisioneiros de guerra.Desaparecerão, sim, no que se tornava insustentável diante do acórdão as muitas prisões secretas da CIA onde se presume se repetiriam as violências de Abu-Ghraib ou da tortura sistemática para obtenção das informações dos inimigos da humanidade na sua tentativa de abate do mundo do dito "grande Satã".O presidente não deixa dúvida sobre o quanto já, e sem volta, quer ser lembrado na larga perspectiva da história como o líder sem receio nem contemplação, da face implacável dos Estados Unidos diante dos seus inimigos. Mormente quando a alternativa, tal como repetiu Bin Laden nas últimas semanas, seja a da conversão da América ao Islão.Entorpeceu-se a grita contra a revelação das violências das torturas de Abu-Ghaib, mesmo quando agora o presidente confessa a existência de prisões secretas e palcos da extração de informações a qualquer custo dos terroristas. Democratas e republicanos reconhecem o perigo da nação ineditamente ameaçada, mas ainda hesitam sobre a prevalência efetiva da Rule of Law sobre o definitivo mergulho dos Estados Unidos nas leis de exceção e na protração indefinida de um inédito estado de guerra larvar para as próximas décadas.É de logo que o núcleo duro do Bushismo se revigorou no extremo deste neo-evangelismo conservador, que chegou a ver, através de Pat Dickson, por exemplo, a queda das torres como uma punição à América pela tolerância com o homossexualismo, o casamento gay, a complacência com o aberto e amplitude do consumo de drogas no seu território. E é nesta mesma hora que alguns senadores e senadoras "neocons", chegam até - para espanto póstumo e irredutível dos founding fathers - a reconhecer como após o Patriot Act os princípios evangélicos deveriam estar consagrados numa legislação americana que chegasse ao último maniqueísmo, e ao combate ao mal visto como ínsito ao terrorismo.Os mesmos grupos secundaram enfaticamente a reação de Israel frente ao Hezbollah, tanto os Estados Unidos se vêem sucessores da tarefa histórica da nação eleita por Deus. Washington reforçaria, num mundo dos jihads, a aliança com Deus, e a preservação dos valores de sua lei, no mundo corrompido na modernidade e sua devastadora secularização. Há seis meses ainda e antes da nova leva terrorista, o Congresso americano marchava para a abolição final do Patriot Act. Hoje se reconhece que não há conexão entre o Al-Qaeda e Saddam, se dá conta da multiplicidade dos focos de ataque aos Estados Unidos e que exige do país passar da defensiva às guerras preemptivas para destruir antecipadamente os adversários.Experimentada nos mísseis arrasa quarteirão em Beirute no sul do Líbano, a preempção se alinha, em todo o seu portento, no que seja uma resposta final aos arreganhos de Ahmadinejad. O que de toda forma parece desaparecer é qualquer tentativa de que os Estados Unidos aliem-se às Nações Unidas, à prevenção do genocídio ou do etnocídio e na aceitação da Corte de Haia como para o julgamento dos crimes contra a humanidade.De toda forma, a comemoração deste qüinqüênio do horror da queda das torres mostra como o seu abalo foi além do ground zero. Uma nova filosofia defensiva pode ir ao pedido de emenda constitucional e quiçá até ao seu plebiscito. A Corte Suprema julgou a violência de Guantanamo e o atentado aos direitos de seus detentos frente à Carta de Jefferson e de Roosevelt. O sucessor de Bush terá a responsabilidade de confirmar ou não a expectativa do mundo livre, de que o país canônico das liberdades não fecha, de vez, os cadeados de uma "civilização do medo".

  • Que tempos de viver-se

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), em 22/09/2006

    É difícil cooptar um assunto em meio a tantos que circulam nas manchetes políticas e policiais. Você não vive o dilema de um escritor em busca de personagens, mas a necessidade de convencer um tema a que ele entre em seu artigo. Quase sempre, quando existem muitos, ele resiste.

  • O livro em cena

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro), em 16/09/2006

    Foi uma idéia das mais felizes - e que se realizou pela terceira vez, em Curitiba - o evento intitulado "Livro em Cena", promovido pelo Colégio Decisivo. Nas magníficas instalações da Estação Embratel Convention Center, na capital paranaense, 1.400 pessoas aplaudiram com muita ênfase as apresentações de membros da Academia Brasileira de Letras, fazendo a análise de escritores de nomeada e que costumam ser citados nos vestibulares. A idéia nasceu com Carlos Heitor Cony.Quem não conhecer particularidades da obra de Ariano Suassuna, por exemplo, está fadado ao insucesso. Desta feita, a análise foi feita do seu clássico O santo e a porca, com o esclarecimento inicial de que o animal referido não é exatamente a fêmea do porco, mas sim um cofrinho de madeira, onde o personagem principal costumava guardar por anos as suas economias, muitas das quais referentes a salários não pagos aos seus funcionários. Coisas bem típicas do simbolismo praticado pelo autor paraibano.Outro desafio foi a lembrança do premiado O pagador de promessas, de Dias Gomes, autor baiano com muito sucesso no Rio de Janeiro - e que morreu precocemente em desastre de automóvel. O ex-marido da campeã Janet Clair adotou uma linha realista como gênero literário. Brilhou na TV, onde o seu "O bem amado" deixou história, com o paradigmático prefeito Odorico Paraguaçu ("vamos deixar de entretantos e partir para os finalmentes"). Na ocasião de discussão em torno dessa obra de grande repercussão, lembramos suas semelhanças com o clássico "O coronel e o lobisomem", de outro renomado acadêmico da nossa literatura: José Cândido de Carvalho. O curioso é que a ambiência deste último é a cidade de Campos dos Goytacazes, enquanto o escritor baiano criou uma cidade fictícia, que pode ter se situado no interior do seu Estado. Pura coincidência? Vamos deixar que corra essa versão mais cômoda.Nélida Piñon falou, a pedido dos diretores Índio do Brasil e Jacir Venturini, a respeito de D.Casmurro, uma das maiores obras de Machado de Assis, e o pequeno mas consistente livro de José de Alencar intitulado Como e porque sou romancista. É um texto que nasceu como folhetim, num jornal do Rio, mas que sintetiza tudo o que deve conhecer um candidato a escritor, com pendores para o romance. Por essa razão, Alencar é considerado o pai do romance brasileiro. Foi muito aplaudida, como sempre, pelo seu poder de síntese e a forma apaixonada como se refere è literatura brasileira, sendo ela uma das nossas autoras mais conhecidas lá fora, detentora de vários prêmios, especialmente no mundo hispânico.O professor Juarez Poletto, mestre querido de Literatura dos alunos do Colégio Decisivo, deu a sua colaboração, arrancando aplausos dos alunos por sua magnífica análise crítica de Leão de Chácara e Muitas Vozes. Depois do almoço foi a vez do acadêmico e jornalista Cícero Sandroni, hoje Secretário Geral da ABL. Discorreu com muita propriedade sobre Memórias de um Sargento de Milícias e Terras do Sem Fim.Como fecho de ouro, Lygia Fagundes Telles. Tem um enorme prestígio no Paraná. Falou sobre Meus Poemas Preferidos e Seminário dos Ratos. Explicou, de forma pessoal, todos os meandros da sua original construção literária. Quando terminou o seu tempo, foi ovacionada. Uma bela e proveitosa ocasião, rara, diga-se de passagem, para a necessária interação aluno-professor.