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Nélida Piñon ganha Príncipe de Astúrias

 

Folha de São Paulo - (16.06.2005)

 Eduardo Simões

 

Membro da Academia Brasileira das Letras (ABL), que presidiu entre 1996 e 1997, a escritora Nélida Piñon recebeu ontem de manhã, por telefone, o anúncio oficial de que é vencedora do Prêmio Príncipe de Astúrias das Letras, pela primeira vez dado a um autor brasileiro.

De Oviedo, o júri, presidido por Víctor García de la Concha, diretor da Academia Real Espanhola da Língua, declarou que Piñon foi "aclamada pela crítica como a voz mais destacada da literatura brasileira (...) e que levou ao âmbito universal a complexa realidade ibero-americana".

Por telefone, do Rio, Piñon disse à Folha que já anteontem à noite soubera que era uma das finalistas e favorita à láurea. Mas que fora dormir "serena", por volta de 1h30, não sem antes terminar um artigo e de ler mais um capítulo de seu atual livro de cabeceira, "Os Inimigos de Machado de Assis", de Josué Montello. Às 5h já estava acordada: "Por volta de 6h30 recebi o telefonema do sr. García dizendo que havia sido uma vitória consagradora. Fico muito feliz, porque é um dos grandes prêmios da Europa e, portanto, do mundo. Fico feliz também por ter sido dado a um brasileiro", disse Piñon.

A escritora vai receber um troféu (cópia de escultura de Joan Miró) e um prêmio de 50 mil (R$ 146,67 mil), que serão entregues numa cerimônia em Oviedo, no dia 21 de outubro, da qual também participarão os laureados em outras categorias.

O prêmio Príncipe das Astúrias das Letras, que em 2005 completa 25 anos, já foi recebido por autores como o mexicano Carlos Fuentes, o alemão Günter Grass e o americano Arthur Miller (2002). No ano passado, o escolhido foi o italiano Claudio Magris.

Piñon sai vencedora de um universo de 31 candidatos, do Canadá, Estados Unidos, Holanda, Hungria, Índia, Israel, Kuwait, México, Noruega, Peru, Portugal, República Dominicana, Reino Unido, Suécia e Espanha.

Carioca de Vila Isabel, Nélida Cuinãs Piñon nasceu em 3 de maio de 1937. Estimulada a ler pelos pais, de origem galega, Piñon formou-se em jornalismo pela Faculdade de Filosofia da Pontifícia Universidade Católica do Rio e fez sua estréia na literatura com o romance "Guia-Mapa de Gabriel Arcanjo", de 1961. Desde o início orientou sua obra para a renovação formal da linguagem.

Jornalista, romancista, contista e professora, Piñon foi eleita em 27 de julho de 1989 para a cadeira 30 da ABL, sucedendo Aurélio Buarque de Holanda.

Com mais de 35 anos de atividade literária, Piñon teve seus livros publicados em 20 países, entre eles Argentina, Polônia, França, Cuba, Espanha, Estados Unidos, Suécia, Rússia, Inglaterra, Alemanha, Itália, Portugal e Colômbia, e traduzidos para dez idiomas. Foi professora da Universidad Complutense de Madrid (1993), da Johns Hopkins University (EUA, em 1988) e da Columbia University (EUA, em 1978). Atualmente leciona na Universidade de Miami, onde é titular da cátedra Dr. Henry Stranford de ciências humanas.

Entre outras premiações ganhas por Piñon, destacam-se o Prêmio Internacional Juan Rulfo de Literatura Latino-Americana e do Caribe (1995), da União Brasileira de Escritores de São Paulo, em 1987, pelo romance "A Doce Canção de Caetana", e o da Associação Paulista de Críticos de Arte e o Prêmio Ficção Pen Clube, ambos em 1985, pelo romance "A República dos Sonhos".

14/06/2006 - Atualizada em 13/06/2006