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Entrevista: Marcos Vinicios Vilaça

 

O advogado e professor universitário Marcos Vinicios Vilaça, de 67 anos, é o sétimo ocupante da cadeira número 26 da Academia Brasileira de Letras e o seu atual presidente. Recentemente aceitou o convite para fazer parte do Conselho Superior de Integração Social da Universidade Estácio de Sá. Casado há 45 anos com Maria do Carmo Duarte Vilaça, com quem eve três filhos, Vilaça também mantém uma relação duradoura com a ABL. O pernambucano de Nazaré da Mata, eleito como imortal em 11 de abril de 1985, recebeu em julho do mesmo ano as boas-vindas de José Sarney – atualmente, o acadêmico mais antigo da ABL. Passados 20 anos, Vilaça, que hoje também preside o Tribunal de Contas da União, comemora, neste mês, o primeiro ano à frente da ABL. O imortal revela suas paixões à reportagem do Jornal da Estácio e conta o quanto se orgulha pela informatização da Academia – mérito de sua gestão.

JE – Como é dividir seu tempo entre as presidências do TCU e da ABL?
Marcos Vinicios Vilaça
– Desconfie de uma pessoa que diz que não tempo. Tempo a gente sempre faz e o TCU tem base operacional no Rio de Janeiro. Não importa onde eu esteja, posso trabalhar normalmente em diversas das minhas atividades.

JE – Como é presidir a Academia Brasileira de Letras?
MVV
– Tenho imensa alegria em presidir a Academia. Essa é a herança que deixarei aos meus filhos e netos. Só tenho isto para eles. A presidência é muito trabalhosa, exigente e cheia de sutilezas. É uma servidão jubilosa. Mas não fiz o que desejei. Não consegui.

JE – O que o senhor quis dizer ao relatar que “Não fiz o que desejei. Não consegui”?
MVV
– Quis dizer que minha proposta é dar seqüência à obra de meus antecessores, que cuidaram de administrar o programa editorial, a programação de cursos e de recuperar o arquivo da biblioteca. Mas pelo meu temperamento vou acelerar. Sou muito apressado. Não sei se estou certo, mas sou assim. Os meus confrades, se acharem necessário, que me peçam para brecar. Sou apenas um delegado de plenário, um coordenador. Quero estabelecer pactos mais visíveis com os estados brasileiros. Este ano, a ABL foi ao Rio Grande do Sul promover seminários em torno das obras deixadas pelos escritores Mario Quintana, Vianna Moog e Augusto Meyer. A programação cultural da Academia incluiu conferências com temas diversos como “Futebol e literatura brasileira”, “Razão e espiritualidade” e “Literatura e jornalismo”; mesas-redondas sobre Freud, “Grande Sertão: veredas”; e seminários sobre a culinária na literatura, a moda e a sociedade contemporânea, e ciência e literatura, por exemplo. Todos com entrada franca. A oito meses de celebrar seu aniversário de 110 anos, o perfil da Academia, definitivamente, mudou.

JE – Dentro dessa instituição, qual fato mais o marcou?
MVV
– Tenho satisfação em dizer que a atual diretoria pôs a ABL no mundo da internet. Hoje dispomos de um portal dinâmico, com transmissão on line de posses de acadêmicos e de sessões dos nossos grandes seminários de temas diversificados em sessões realizadas semanalmente. A ABL é comprometida com honrar as suas tradições por meios oferecidos pela modernidade, mas sem concessões ao modernoso.

JE – Na sua opinião, como está a disseminação da cultura brasileira no cenário atual?
MVV
– Diria que um progresso continuado. Nós da ABL, por exemplo, estamos fazendo a nossa parte viabilizando uma Academia on line, uma Academia editora, ou seja, uma Academia brasileira e não apenas carioca, uma Academia que reage ao localismo de geografias ou temáticas.

JE – Quais são as últimas novidades da ABL?
MVV
– Estamos realizando seminários sobre a literatura e seu contraponto com a música popular, a arquitetura, a moda, o futebol, o desenvolvimento econômico, a ciência, etc. Também estamos organizando concertos de música clássica em nossos auditórios, trabalhando dois dicionários simultaneamente e realizando exposições de artes plásticas em nossa galeria.

JE – Em seus momentos de lazer, o que o senhor gosta de fazer?
MVV
– Sou apaixonado por futebol. Em Recife torço pelo Náutico e no Rio de Janeiro pelo fluminense. Além disso, quando não estou mergulhado na gestão acadêmica, meu programa preferido é visitar as feirinhas de antiguidades da Praça XV, da Rua do Lavradio, na Lapa, e da praça Santos Dumont, na Gávea.

JE – Sua trajetória profissional e pessoal parece ser bem-sucedida. Se o senhor pudesse voltar no tempo, existe algo que deixaria de fazer?
MVV
– Não. Não tenho arrependimento de absolutamente nada. Se pudesse, reviveria tudo de novo.

08/02/2007 - Atualizada em 08/02/2007