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Bechara recebe o Grande Prêmio Literário PEN CLUBE DO BRASIL

 

O acadêmico Evanildo Bechara recebeu, na última sexta-feira, dia 12 de janeiro, o Grande Prêmio Literário PEN CLUBE do BRASIL, pelo conjunto de obras em benefício da língua portuguesa.

A solenidade de entrega do prêmio aconteceu na sede do PEN CLUBE, na praia do Flamengo, e teve a presença dos acadêmicos Merval Pereira, que falou sobre a alegria de ver Evanildo Bechara ser premiado. “Bechara é o maior especialista em português que nós temos e é uma pessoa, um ser humano admirável. Seu estudo e sua dedicação à ABL são motivos de alegria para todos nós” , Ricardo Cavaliere, Ruy Castro e Edmar Bacha. Na mesa principal, além de Merval Pereira e Cavaliere, estiveram o premiado, Evanildo Bechara, o presidente do PEN CLUBE, Ricardo Cravo Albin, e a historiadora Mary Del Priori, que ganhou o prêmio em 2022. Del Priori se referiu a Bechara como “único e ímpar”. “Estou aqui para lhe passar este prêmio, o que é uma honraria enorme. O senhor, ao longo de seus 96 anos, merece prêmios todos os dias”.

Coube a Ricardo Cavaliere, o mais novo acadêmico, amigo e sucessor de Bechara, apresentar o premiado. Começou elogiando o PEN CLUBE pela decisão de outorgar a Bechara o prêmio literário, o que demonstra que ele, no alto de seus quase 96 anos - que fará no dia 26 de fevereiro - ainda é e sempre será o grande nome dos estudos da língua vernácula e filosofia românica e disciplinas afins no Brasil. “Como sou admirador, discípulo e amigo do homenageado, só poderei dizer coisas boas e fazer elogios. Não esperem outra coisa além disso. É difícil definir como uma pessoa chega à excelência dentro do núcleo social em que vive, sobretudo no caso de um grande filólogo e linguista como Evanildo Bechara, que exportou para vários países do mundo a excelência que já alferia aqui no Brasil. Acredito que são pessoas privilegiadas por no mínimo dois atributos fundamentais, que são o da excelência intelectual e o do carisma pessoal. Bechara é reconhecido efetivamente, como sempre se repete, como o maior filólogo brasileiro, mas os que com ele convivem percebem um temperamento singular que lhe confere o carisma de quem é sempre ouvido com atenção e cujas palavras são sempre abeberadas com interesse pelos interlocutores. Esta característica que lhe confere o carisma especial de ser ouvido e atendido é algo que nasce e se desenvolve com a própria pessoa, é fruto do alinhavo que fazemos em nossa personalidade ao longo da vida. Houve talvez quem dissesse que fosse resultado da inusitada junção do sangue maranhense materno com o sangue libanês paterno talvez seja esse o motivo, mas o fato é que soube construir sua personalidade a traves dessa caminhada soube conquistar a admiração e o respeito de todos. Não só os de sua geração, de minha geração, como também o das novas gerações dos alunos que estão ai nos bancos escolares e leem sua obra.”

 

Abaixo, o discurso de Evanildo Bechara ao agradecer a lembrança de seu nome para o prêmio.

 “Falar de Said Ali e Evanildo Bechara é falar de duas pessoas que, em não sendo parentes, em não sendo conhecidos a não ser em épocas mais avançadas, tiveram ideias e pensamentos que corriam em paralelo. A nossa grande preocupação não era dizer o que sabemos, era preparar os alunos para que eles soubessem o que estávamos falando. A primeira condição de um bom professor é ser um bom preparador de futuros professores e nesta vida encontrei estas figuras. Encontrei por exemplo ainda vivo, Manuel Said Ali, que logo verificou que naquele jovem não se perderia tempo em ensinar o bom caminho. Uma das grandes qualidades que me trouxeram ao magistério foi o respeito aos meus alunos. Preparar um aluno significa prepará-lo para a vida, para futuros sucessores e nisto eu tive em dois mestres um exemplo extraordinário, o primeiro deles foi Capistrano de Abreu e o segundo e mais profundo foi Manuel Said Ali, que me ensinou a entrar no coração dos meus jovens, me ensinou a mostrar aos jovens os caminhos mais seguros, e muitas vezes mais difíceis, mas nem por isso menos compreensíveis.

E hoje, quando volto ao passado em pensamento, a figura dos meus dois grandes mestres, vejo a possibilidade de transmitir às novas gerações este amor ao trabalho e ao desenvolvimento da língua portuguesa. Por isso, para mim, foi fácil, porque os grandes mestres souberam abrir os caminhos e os bons discípulos souberam segui-los com ardor, vontade e designação e até com certo cuidado para evitar os consequentes enganos que suas gerações trouxeram aos alunos hoje mestres mais adiantados.

Assim, abrindo o coração, não somente para os colegas que começaram comigo, mas também aos que vieram depois, hoje contemplo a nova geração de alunos e tenho certeza absoluta de que estamos preparando uma geração de mestres, que olha para seu aluno não como aquele que vai dizer e repetir as suas palavras, mas aquele que vai orientar, mostrar o melhor caminho, que vai dizer “siga assim e não assado”. Porque o assado é mais difícil e menos rendoso.

 Portanto, ao encerrar meus trabalhos sobre o ensino, o estudo, o desenvolvimento e a herança da língua portuguesa, procuro mostrar para meus alunos o amor que nos une e que nos aproxima para a realização desses desejos e que Deus, na sua sabedoria imensa, seja o espírito superior que ilumine as novas gerações. Que os professores de hoje sejam os excelentes professores do futuro, e assim possam incentivar nos seus alunos o amor à língua, o respeito ao conhecimento das pessoas, a capacidade de tolerar as desavenças que por acaso apareçam na sequência das ideias e dizer que graças a Deus, pela sua bondade divina, a gente consegue, sem dúvida nenhuma, depois de ter aberto a porta do futuro, poder abrir também, no final da sua carreira profissional, a porta da sua consequente história de professor. “

15/01/2024

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