O autor foi eleito com 33 dos 34 votos possíveis para a cadeira 6 da ABL. Milton Hatoum vai suceder ao jornalista e escritor Cícero Sandroni que faleceu em junho deste ano. Também candidato à vaga, o poeta e editor pernambucano Antônio Campos recebeu um voto.
Durante a conversa exclusiva com a apresentadora Eliana Alves Cruz, o convidado fala sobre temas como memória e ancestralidade. Milton Hatoum comenta ainda a recepção de seus livros pelo público e relata a experiência de ver as histórias que criou adaptadas para outros meios.
A entrevista foi gravada pelo canal público na BiblioMaison, no Centro do Rio, e exibida originalmente em novembro de 2023. O programa literário original da TV Brasil sobre o universo dos livros também pode ser acompanhado em formato podcast nas plataformas digitais.
Milton Hatoum revela seu processo de criação. Ele afirma que escreve sempre pela manhã e dedica o resto do dia à leitura e a outras atividades. "Sou um leitor mais disciplinado (que um escritor)", revela no decorrer do papo. Sem deixar nenhuma pergunta sem resposta, o premiado autor aborda assuntos como o conflito entre Israel e Palestina, além de migração, pertencimento e a nova geração de leitores.
Romancista, contista, ensaísta, tradutor e professor universitário, o novo imortal lançou oito obras. Juntas, as publicações já venderam meio milhão de títulos e ganharam tiragem em 17 países. Natural de Manaus, Milton Hatoum nasceu em 1952 e estreou na ficção em 1989.
A primeira publicação do escritor foi o título "Relato de um certo Oriente", vencedor do prêmio Jabuti de melhor romance. A trama foi adaptada para o cinema em um filme dirigido por Marcelo Gomes. Com o título que altera o termo 'relato' por 'retrato', o longa é uma das produções brasileiras habilitadas que concorrem por uma vaga para representar o país no Oscar 2026.
Outro sucesso editorial da carreira literária de Milton Hatoum é "Dois irmãos" (2000), obra que se desdobrou em versão para a telinha, com uma série televisiva lançada em 2017, e também ganhou formato graphic novel que foi vencedora do prêmio Eisner, considerado o principal reconhecimento das HQs. Já a publicação "Cinzas do Norte" (2005) obteve valorização da crítica e foi premiada com o Jabuti na categoria Livro do Ano.
Trilogia com aspectos autobiográficos
Milton Hatoum está às vésperas de lançar nova publicação "Dança dos enganos", terceiro volume da trilogia "O lugar mais sombrio" que teve início com o romance "A noite da espera" (2017). O segundo título da sequência foi o livro "Pontos de fuga" (2019). Apesar de não ser autobiográfica, a série percorre locais que marcaram a trajetória do escritor com a Amazônia, Brasília, São Paulo e Paris.
"O terceiro volume se arrasta há alguns anos. É totalmente diferente dos dois anteriores. É a voz de uma mulher que aparece", explica. "A voz feminina é muito presente. A trama conta uma outra história política e subjetiva. Da perda. É um livro que demorei", comenta.
O escritor aborda sua identificação com o personagem principal da trilogia. "Os dois primeiros volumes são meus livros mais autobiográficos. Tem mais de mim no narrador e nos amigos dele, nos personagens masculinos e femininos", reflete Milton Hatoum que discute, ainda, o gênero literário romance de formação.
Sobre a interação com o público, o convidado é categórico. "Há mais de 30 anos converso com os jovens. A literatura é um diálogo com o outro", pontua Milton Hatoum. "Sempre falo para os jovens não confundirem o autor com o narrador. Há uma distância entre esse que está narrando e você que está escrevendo", explica.
Matéria na íntegra: https://www.ouniversodatv.com/2025/08/tv-brasil-exibe-entrevista-exclusiva.html
20/08/2025