Na cerimônia de celebração aos seus 128 anos na última sexta-feira (25), no Petit Trianon, a ABL apresentou, através de vídeos, a modernização do acesso ao conteúdo produzido na instituição. A digitalização abrange três setores da casa: a Biblioteca Lúcio Mendonça Filho, o Arquivo Múcio Leão e o setor da Lexicografia.
“A ABL segue acompanhando o ritmo do tempo com a nova dinâmica das redes sociais e novos meios de comunicação” afirmou o presidente da ABL, Merval Pereira. "Estamos tendo mais visibilidade, nossas atuações estão alcançando mais pessoas. E é isso que queremos. Vamos continuar fazendo isso e ser cada vez mais uma representação das peculiaridades da cultura brasileira, da diversidade.”
Uma das novidades é a criação da Biblioteca Digital, plataforma disponível no site da ABL pelo link, em que o usuário consegue acessar - com dois a três cliques - grande parte do que há de mais valioso na Academia, como por exemplo, todas as edições da Revista Brasileira, anais, coleções editadas pela Academia, como a coleção do Afrânio Peixoto de obras clássicas, a coleção Austregésilo de Athayde de obras contemporâneas, estudos linguísticos, além da coleção particular de livros que pertenceram a Machado de Assis, entre outros.
Também já está disponível a coleção de centenas de exemplares Revista Tempo Brasileiro, uma das referências da vida intelectual do Brasil, editada durante 55 anos pelo Acadêmico Eduardo Portela. Outro destaque da biblioteca digital são os discursos de posse e recepção dos Acadêmicos ao longo da história, um retrato da evolução cultural do país.
A ABL já possui duas bibliotecas: a Lúcio de Mendonça (BALM), que reúne toda a produção dos Acadêmicos atuais e dos que passaram pela casa desde a sua fundação. Em 2005, foi criada a Biblioteca Rodolfo Garcia (BGR), que abrange livros de Literatura, Ciências Humanas, além de obras raras.
Outra novidade da ABL é o aplicativo VOLP (Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa), ideal para consulta de dúvidas ortográficas que surgem na rotina. O aplicativo está disponível de forma gratuita na Apple Store e Play Store para ser acessado diretamente do celular. Não é necessário realizar cadastro para uso do aplicativo.
O Volp é um dos maiores produtos da ABL de serviço à população. É o documento oficial que estabelece a grafia correta de cada palavra na norma padrão do português brasileiro. O Volp tem força de lei.
Ao contrário de dicionários como Houaiss e Aurélio, que são mais descritivos e que registram inclusive gírias para mostrar o "uso cotidiano da língua", o Volp privilegia a forma culta. Nos resultados de busca, ele não mostra o significado do termo, e sim a forma certa de escrita, a flexão da palavra (o plural de couve-flor, por exemplo, ou um feminino irregular) e a classe gramatical dela (substantivo masculino, verbo etc.).
Segundo o Acadêmico e filólogo Ricardo Cavaliere, não compete ao Volp introduzir uma palavra no léxico nem ser um censor que autoriza ou não o ingresso de um termo na língua. Quem cria é o falante. O que o VOLP faz é registrar.
Neste sentido, um termo que é só “modinha do momento” não pode entrar no VOLP — é preciso haver estabilidade e continuidade de uso. Dessa forma, palavras que surgem em novelas ou em memes e depois desaparecem não devem ser registradas.
Ao longo dos últimos 20 anos, o Arquivo Múcio Leão da ABL passou por várias migrações e restaurações. Em uma restauração recente, em 2024, realizou-se um processo de digitalização de uma parcela do acervo de películas cinematográficas, com o apoio da Faperj e em parceria com o Laboratório Universitário de Preservação Audiovisual da UFF.
O Arquivo da ABL preserva e disponibiliza um rico acervo da história da ABL e seus membros, que abrange originais manuscritos, fotografias, recortes de jornais e um vasto e rico acervo audiovisual, formado por documentários, entrevistas, palestras, aulas e programas de TV. E o arquivo institucional reúne os eventos da ABL, eventos fora da instituição que envolvem acadêmicos e a série “Depoimentos de vida”, em que os Acadêmicos relatam os principais marcos de suas trajetórias.
Esses registros são feitos pelo setor de Áudio e Vídeo da ABL. Após produzido e finalizado, o material é encaminhado ao arquivo para o adequado tratamento e armazenamento, respeitando suas características técnicas de preservação.
O Arquivo possui imagens raras como a entrega dos prêmios da ABL, em 1962, registros do casamento de Austregésilo de Athayde, a posse histórica de Rachel de Queiroz, primeira mulher eleita para a ABL, em 1977, eleição de Aurélio Buarque de Holanda, em 1961, entre outras.
28/07/2025