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microplástico

Classe gramatical: 
s.m.
Definição: 

Partícula residual de plástico que mede de 0,001 mm a 5 mm e se constitui num dos principais poluentes do meio ambiente, especialmente do ecossistema marinho. [Os microplásticos podem ser primários (como grânulos contidos em cosméticos, esfoliantes, cremes dentais, medicamentos e fragmentos liberados pela lavagem de roupa sintética e pela abrasão de pneus) ou secundários (derivados da desintegração de resíduos plásticos maiores, como sacolas, embalagens e materiais de pesca).]

Exemplos de uso: 

Microplásticos como tema de estudo é algo relativamente novo e ganhou impulso somente neste século, com mais força nos últimos anos. Embora sua presença nos oceanos seja conhecida desde os anos 1970, apenas em 2004 o termo foi incorporado na literatura científica pelo pesquisador britânico Richard Thompson, professor de biologia marinha da Universidade de Plymouth, na Inglaterra. Vem das investigações sobre a biota e o ambiente marinho a maior parte dos estudos até agora, já que os oceanos são o repositório de boa parcela do microplástico produzido em terra, ao receberem a água de rios, riachos e esgotos.”1

“Segundo a pesquisadora [Manoela Romanó de Orte], estima-se que cerca de 90% dos microplásticosencontrados em ecossistemas costeiros estejam na forma de microfibras – e, desse total, grande parte seja proveniente da lavagem de roupas sintéticas. ‘Isso porque 60% das roupas são fabricadas a partir de fibras de plásticos, principalmente nylon, acrílico e poliéster. Quando lavamos essas roupas, milhares de fibras são liberadas e muitas escapam dos filtros das máquinas de lavar e das estações de tratamento do esgoto e vão parar nos rios e oceanos’, conta Orte, que trabalha no Departamento de Ecologia Global da Carnegie Institution for Science. Contaminação química – Além dos efeitos físicos, como a possível obstrução do trato digestivo de organismos menores, preocupam os cientistas os efeitos químicos das micropartículas ingeridas ou inaladas por humanos e animais, uma vez que elas podem ser vetores de microrganismos e contaminantes, como poluentes orgânicos persistentes (POPs), compostos sintéticos resistentes à degradação no ambiente. Há dois tipos de substâncias associadas às partículas: as que já vêm com o próprio plástico, comumente utilizadas para lhe conferir propriedades especiais, como ftalatos e bisfenol A, ambos conhecidos disruptores endócrinos, ou seja, com capacidade para alterar o funcionamento do sistema hormonal; e as substâncias adsorvidas pelos microplásticos, que podem incluir metais pesados e POPs.”2

“Já não é novidade que os microplásticos causam danos ao meio ambiente: eles se depositam no fundo do mar e afetam a sobrevivência de peixes e animais marinhos. Agora, cientistas norte-americanos relatam que encontraram micro e nanoplásticos em órgãos e tecidos humanos. Microplásticos são fragmentos de polímeros que medem menos de 5 milímetros; e nanoplásticos não passam de 0,001 milímetro. ‘Em poucas décadas, deixamos de ver o plástico como um benefício maravilhoso para considerá-lo uma ameaça’, disse, em nota, Charles Rolsky, autor da pesquisa que será apresentada nesta segunda-feira (17) no congresso da Sociedade Americana de Química. ‘Há evidências de que ele está entrando em nosso corpo, há pouca investigação. Neste momento, não sabemos se esse plástico é apenas um incômodo ou se representa um perigo para a saúde humana.’”3

“Publicado no periódico científico Environmental International, o estudo descreve a presença de microplásticos na placenta de quatro mulheres. Os materiais tinham coloração azul, vermelha, rosa e laranja. A suspeita é de que eles tenham vindo de tintas, cosméticos ou embalagens plásticas. ‘É como ter um bebê ciborgue: não composto apenas de células humanas, mas por uma mistura de entidades biológicas e inorgânicas’, afirmou ao jornal The Guardian o chefe do estudo, Antonio Ragusa, que é diretor de ginecologia e obstetrícia do hospital San Giovanni Calibita Fatebenefratelli, em Roma, na Itália. Os materiais são extremamente pequenos, medindo 0,01 milímetro. Com isso, eles podem ser transportados pela corrente sanguínea. A comunidade científica global ainda busca entender os efeitos dos microplásticos em humanos e animais. A suspeita é de que eles possam influenciar negativamente na saúde humana e causar efeitos prejudiciais no desenvolvimento do sistema imunológico de bebês. No entanto, ainda são necessários mais estudos para que existam resultados conclusivos sobre o tema.”4

“Publicado na revista científica Environmental Health Perspective, o estudo que investiga a relação dos microplásticos em crianças foi desenvolvido por pesquisadores da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia (NTNU) e da Universidade de Oulu, na Finlândia. No total, foram revisadas 37 pesquisas sobre o tema, mas os autores alertam para a pequena quantidade de artigos sobre plásticos, saúde humana e bebês. Isso porque ‘é bem possível que as crianças estejam mais expostas aos microplásticos do que os adultos, semelhante à maior exposição das crianças a muitos outros produtos químicos tóxicos ambientais’, explica a neurocientista Kam Sripada, uma das autoras e pesquisadora da NTNU, em comunicado.”5

“‘Semelhante aos ciclos biogeoquímicos globais, os plásticos viajam ao redor do mundo’, disse o estudo, liderado por pesquisadores da Universidade Estadual de Utah e da Universidade Cornell, publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences. Isso significa que grande parte do plástico que é despejado no mar e na terra é quebrada e jogada de volta à atmosfera, apresentando riscos potenciais para nossos ecossistemas. [...] ‘Encontramos uma grande quantidade de plástico poluente por todos os lugares que olhávamos. Ele viaja na atmosfera e estaciona em qualquer lugar’, disse a autora principal do estudo por Cornell, Janice Brahney, em um comunicado à imprensa. ‘Este plástico não é novo, não é deste ano. É o que já despejamos no meio ambiente ao longo de várias décadas.’ A equipe de pesquisa coletou dados de microplásticos no ar do oeste dos Estados Unidos de 2017 a 2019 e descobriu que cerca de 22 mil toneladas de microplásticos estão sendo depositadas nos Estados Unidos a cada ano. A principal maneira pela qual os plásticos são lançados no ar nos Estados Unidos é por meio do tráfego rodoviário. Pneus de carros, freios e até superfícies de estradas contêm plásticos que podem ser desgastados em microplásticos e lançados na atmosfera. A ação dos carros na estrada – como o movimento dos pneus, o processo de frenagem, os resíduos de escapamento – ajuda a fragmentar o plástico no chão e enviá-lo para a atmosfera, diz o estudo.”6

“Os microplásticos estão por toda parte, interferindo na reprodução das plantas e na qualidade do solo. São consumidos pela flora e pela fauna e ‘atuam como vetores de contaminação’, disse o estudo. Embora pesquisas anteriores não tenham descoberto que os microplásticos representam uma ameaça à saúde humana, os pesquisadores deste estudo alertaram que ‘podem ter consequências negativas e ainda desconhecidas para os ecossistemas e a saúde humana’. ‘A inalação de partículas pode ser irritante para o tecido pulmonar e levar a doenças graves, mas se os plásticos são mais ou menos tóxicos do que outros aerossóis, ainda não se sabe bem’, apontam os pesquisadores, que destacam a necessidade de mais pesquisas para compreender o impacto de diferentes fatores de disseminação dos microplásticos, incluindo densidade populacional e circulação oceânica.”7

“A análise das amostras de gelo revelou uma proporção de 13 nanogramas de nanoplásticos a cada mililitro de gelo derretido. Na Antártida, o valor é quatro vezes maior, o que os autores acreditam ser devido ao processo de formação do gelo marinho que acaba por concentrar mais dessas partículas. Cerca de metade dos nanoplásticos encontrados na Groenlândia era polietileno, usado na produção de sacolas e embalagens plásticas. As partículas de pneus de carros representavam um quarto, enquanto o tereftalato de polietileno correspondia a um quinto da concentração total. [...] De todo modo, pesquisas recentes estimam que as pessoas podem estar respirando de 2.000 a 7.000 microplásticos ao dia, mesmo em suas casas. Mas os nanoplásticos são ainda mais perigosos quando no organismo, pois podem intoxicar as células e resultar em profundas inflamações. O estudo foi publicado no periódico científico Environmental Research.”8

Referências: 

MICROPLASTIC. In: MERRIAM-WEBSTER.COM DICTIONARY. *Merriam-*Webster. Disponível em: https://www.merriam-webster.com/dictionary/microplastic. Acesso em: 20 mar. 2022.

MICROPLASTICHE. In: ISTITUTO TRECCANI. Enciclopedia Treccani. Disponível em: https://www.treccani.it/enciclopedia/microplastiche. Acesso em: 20 mar. 2022.

1 JONES, Frances. A ameaça dos microplásticos. Revista Pesquisa Fapesp, jul. 2019. Edição 281. Ambiente. Química. Disponível em: https://revistapesquisa.fapesp.br/a-ameaca-dos-microplasticos/. Acesso em: 19 mar. 2021.

2 Idemibidem.

3 REDAÇÃO GALILEU. Cientistas encontram microplástico em tecidos de órgãos humanos. Revista Galileu, 17 ago. 2020. Meio Ambiente. Disponível em: https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Meio-Ambiente/noticia/2020/08/c.... Acesso em: 19 mar. 2022.

4 AGRELA, Lucas. Plástico já está até na placenta humana. Exame, 26 dez. 2020. Ciência. Disponível em: https://exame.com/ciencia/plastico-ja-esta-ate-na-placenta-humana/. Acesso em: 19 mar. 2021.

5 FORATO, Fidel. Cientistas identificam microplásticos na placenta e em recém-nascidos. Canaltech, 7 fev. 2022. Ciência. Saúde. Disponível em: https://canaltech.com.br/saude/cientistas-identificam-microplasticos-na-.... Acesso em: 19 mar. 2022.

6 YEUNG, Jessie. Microplásticos podem viajar o mundo em uma espiral de contaminação, diz estudo. CNN Brasil, 13 abr. 2021. Internacional. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/microplasticos-podem-viajar-o.... Acesso em: 19 mar. 2022.

7 Idemibidem.

8 TORRES, Wyllian. Poluição por nanoplásticos é detectada pela primeira vez nos dois polos da Terra. Canaltech, 21 jan. 2022. Ciência. Meio Ambiente. Disponível em: https://canaltech.com.br/meio-ambiente/poluicao-por-nanoplasticos-e-dete.... Acesso em: 20 mar. 2022.

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