Não é, ainda, o caso de recorrer à citação que Shakespeare tornou famosa:
"Something is rotten", evidente que no reino da Dinamarca. Mas no reino de dona Dilma, do PT e da base aliada, o "podre" pode ser substituído por "complicado" ou mesmo "suspeito." Em princípio, nada a ver com a presidente em si, mas com a equipe que ela armou e da qual muitos titulares foram para o espaço.
No fundo, pode-se duvidar dos critérios que a levaram a formar um ministério que, em menos de um ano, foi obrigado a apelar para estepes que substituíssem as rodas que se furaram durante o caminho.
Perdoa-se a má avaliação dos auxiliares, são coisas que acontecem e ninguém está livre de cometer erros. Mas não se pode perdoar o último comentário feito pela presidente a propósito de seu amigo Fernando Pimentel, considerando que o episódio que está desgastando o governo como um todo seja um assunto da vida pessoal do ministro -o qual, nem ela nem a classe política e muito menos a mídia têm o direito de invadir.
Não é segredo para ninguém que a candidatura vitoriosa da presidente teve dois eixos decisivos de apoio: Palocci e Pimentel.
Justamente no espaço da formação do ministério e dos cargos principais, foram eles os mais importantes na busca de verbas e nomes, função que nunca fica limitada à vida particular de um cidadão, mas influi poderosamente nos rumos de um governo.
A agonia da demissão de Palocci demorou e deixou alguns estragos. Sem querer comparar o volume de provas, observando-se apenas a agonia de Pimentel, percebe-se que os casos podem não ser idênticos, mas são análogos. Sobretudo na prolongada hesitação da presidente em reconhecer a necessidade de trocar as rodas avariadas por isso ou por aquilo.