Há anos, quando teve seu nome cogitado para embaixador do Brasil em Washington, Eduardo Bolsonaro não quis apresentar seus créditos em relações internacionais, política econômica e domínio da história. Justificou seus méritos para o cargo alegando já ter "fritado hamburguer nos EUA". O Itamaraty tremeu. Que outro representante brasileiro junto ao governo americano, em 200 anos de história entre os dois países, já teria feito isso? Joaquim Nabuco? Oswaldo Aranha? Carlos Martins? Walther Moreira Salles? Vasco Leitão da Cunha?
Os arquivos da instituição dispunham de farto material em que esses homens aparecem, graves e adequadamente vestidos, em recepções oficiais ou reuniões na Casa Branca, com presidentes como Woodrow Wilson, Franklin Roosevelt ou John Kennedy. Mas não dispunham de nenhum mostrando-os atrás de um balcão, de quepe, gravatinha borboleta e avental, fritando um hamburguer em óleo quente, virando-o para cima e para baixo com a escumadeira, e, tendo decidido que estava no ponto, aplicando-o entre dois pães escoltado por competente salada. E o que dizer do cheeseburguer? Eduardo Bolsonaro fez seu pós-doc na especialidade.
Nabuco, Aranha e os outros podem ter conduzido com segurança o Brasil nos EUA em momentos difíceis para o mundo no século 20 –crises econômicas, conflitos políticos, guerras mundiais--, mas como se comportariam diante de uma simples chapa quente? Saberiam o ponto exato de temperatura do óleo? Avaliar o grau de moedura da carne? E o que dizer da quantidade de pepino e cebola na guarnição? Fariam questão de ketchup gourmet?
Não. Só Eduardo Bolsonaro estava à altura de tais exigências. Os fados, no entanto, não permitiram que prestasse esses serviços ao país nos EUA.
Talvez por isso tenha ido para lá do mesmo jeito, para municiar o governo americano com mentiras sobre o Brasil e sugerir-lhe medidas que afrontam a soberania nacional. Donald Trump sabe que Eduardo Bolsonaro é um idiota, mas, e daí? O mundo logo será um grande McDonald’s.