Outro dia me perguntaram qual diretor de cinema eu mais admirava. Respondi: Billy Wilder (1906-2002). E não só por ele ter feito "Crepúsculo dos Deuses" (1950), "A Montanha dos Sete Abutres" (51), "O Pecado Mora ao Lado" (55), "Quanto Mais Quente, Melhor" (59), "Se Meu Apartamento Falasse" (60) e muitos mais. Mas também por suas frases, tão engraçadas quanto cruéis. Eis algumas.
"A coisa mais importante num filme é o roteiro. Os diretores não são alquimistas —não se faz chocolate com cocô de galinha." "Durante anos, trabalhar no cinema era visto como coisa desprezível. Mas, aí, inventaram a televisão." "Em Hollywood, não enterramos nossos mortos. Mandamos os cadáveres para a televisão."
"Prêmios e honrarias são como hemorróidas. Cedo ou tarde, qualquer idiota é premiado." "Já ganhei prêmios em Cannes, Veneza e Berlim. Mas me orgulho mesmo é de ter aparecido duas vezes nas palavras cruzadas do The New York Times. A primeira, na 17 horizontal. A segunda, na 21 vertical." [E indagado sobre se, em sua opinião, o ser humano era basicamente corrupto:] "Claro que não! Você não viu ‘A Noviça Rebelde’?"
"A simples ideia de pagar 110 dólares por hora para me deitar num divã e falar de mim mesmo é de vomitar." "Marlene Dietrich era uma grande amiga. Sábia, romântica, disponível. Tinha sempre 50 pessoas ao redor pedindo consolo. Uma espécie de Madre Teresa, só que com melhores pernas."
Billy não poupava nem sua mulher, Audrey, com quem foi casado por 53 anos. Na véspera do casamento, ele disse; "Audrey, eu seria capaz de beijar o chão que você pisa —se você morasse numa rua melhor." Anos depois, no café da manhã, quando ela perguntou: "Billy, sabe que dia é hoje? Nosso aniversário de casamento!". E Billy: "Por favor, Audrey. Não quando eu estiver comendo." E, ao ver o vestido com que ela ia sair: "Vai para ‘Vila Sésamo’?" Detalhe: Audrey adorava.