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Processo

 

O ensaísta Harold Laski, em seu livro The American Democracy , define o presidencialismo americano como uma instituição original, que não deveria ser transplantada para outro país, que não vingaria. Não é necessário fazer prova.


Em toda a América, com exceção dos Estados Unidos, o presidencialismo está em crise. Uma especialista em ciência política na Argentina chega a afirmar que não canta mais o hino nacional. A degradação do regime é assinalada pelos estudiosos de sua realidade política. Mas os demais países também bracejam crises.


As exceções são mínimas; exporei em livro que estou escrevendo sobre o insucesso dessa forma de governo. Porque no Brasil seria diferente? Escrevi, já, um livro - "A crise da República Presidencial" - para demonstrar que o regime vem transcorrendo em crise desde a sua proclamação.


Na Primeira República, extinta pela Revolução de 30, prevaleceram os estados de sítio, depois tivemos 15 anos de ditadura, depois os vinte anos da Constituição de 46, em cujo período um presidente suicidou-se, dois foram depostos e de três foram cassados os direitos políticos.


Tivemos o governo dos militares, o Ato 5, e, finalmente, veio uma fase de catastrófica inflação, a era Collor, com seu enxotamento do governo, a crise Tancredo, Sarney, Itamar e Fernando Henrique Cardoso. Não deixemos de reconhecer que as crises porejaram do corpo nacional.


Agora estamos na era Lula, uma era pequena mas com as colunas do templo políticos já estremecendo nas bases, com um presidente despreparado para o exercício do cargo e boquirroto, sem conhecimento das maneiras de educação, conclamando céus e terras a virem em seu socorro e afrontando o povo, principalmente a parcela que o elegeu, e anunciando como qualquer membro do jet set as viagens em abundância pelo mundo, do qual já é conhecido graças aos meios de comunicação.


Como conclusão escrevo que o regime está funcionando como um processo degenerativo, cujo desenlace será maligno para a nação, se não houver o remédio de uma cura ou, se não tanto, uma melhora que salve as instituições abaladas.




Diário do Comércio (São Paulo) 10/08/2005

Diário do Comércio (São Paulo), 10/08/2005