Portuguese English French German Italian Russian Spanish
Início > Artigos > Plutocracia retirante

Plutocracia retirante

 

Suponho que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nunca tenha ouvido a palavra plutocracia, mas ela existe: é o governo da riqueza, dos ricos, do pleno domínio do dinheiro nas atividades políticas. Para tornar clara a definição direi que é o regime no qual manda o dinheiro.


Durante o fastígio dos barões-ladrões nos Estados Unidos, no século passado, os autores que estudavam sua história usavam muito o vocábulo plutocracia.


No Brasil, temos agora uma tentativa plutocrática, ao qual parece que se filiou uma ala, pelo menos, do PT e uma ala do PMDB, pelo menos. O PT, que se lançou com a bandeira dos trabalhadores, logo se bandeou, como estamos tomando conhecimento, para a plutocracia, à qual juntou a demagogia, esse mal - desde Aristóteles- das democracias.


Nunca se viu no Brasil, depois ou antes das eleições, circular tanto dinheiro, brasileiro e estrangeiro, reais e dólares e, provavelmente, a valorizadíssima moeda, neste momento, o Euro, da União Européia.


Nunca o antigo retirante, o também antigo torneiro mecânico das fábricas do ABC, iria pensar que tendo saído paupérrimo de sua cidade, Garanhuns, seria chamado de plutocrata; ele que, supõe-se, abominará a palavra quando dela tomar conhecimento e lhe explicarem o que significa.


Na realidade, as personagens envolvidas no formidável escândalo perpetrado pelo PT iriam proporcionar a um colunista da imprensa a idéia de de apodá-lo de plutocrata, que o presidente, evidentemente, repele. Mas, na realidade, é o que é, no exato sentido lexicológico do vocábulo.


O presidente atirou à política partidária em geral a responsabilidade pelo poder extraordinário do dinheiro nas eleições.


Logo, os deputados e senadores fazem os cálculos e começam a circular pela opinião pública as cifras necessárias para ser eleito um presidente, um senador, um deputado federal, um governador, um deputado estadual, um prefeito, um vereador, em suma, em todo o quadro da representação.


Não se lembram de procurar destruir na base a plutocracia. Começando pela representação proporcional e adotando-se a distrital - vigente no mundo inteiro, desde que bem politizado -, como na França, na Inglaterra, país mais bem governado do mundo.


É isso, pois, o que o presidente Lula é, até que se prove em contrário: um plutocrata, tanto o volume de dinheiro que está vindo ao conhecimento da Nação em poder do PT, de seus tesoureiros e pessoas de confiança.




Diário do Comércio (São Paulo) 19/08/2005

Diário do Comércio (São Paulo), 19/08/2005