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Artigos

 
  • As bênçãos de Deus

    Passeando por uma plantação, um homem viu um espantalho e falou: “Deve estar cansado de ficar aí, sem nada para fazer”. O espantalho respondeu: “O prazer de afastar o perigo é grande”. O homem concordou: “Eu também tenho agido assim, com bons resultados”. Voltou o espantalho e comentou: “Mas só vive espantando as coisas quem está cheio de palha por dentro”. O homem demorou para entender: aquele que tem carne e sangue precisa aceitar coisas inesperadas. Quem não tem nada por dentro, vive afastando tudo e nem mesmo as bênçãos de Deus chegam perto.

  • Pedido de ajuda

    Um poeta foi pedir ajuda a Anaxímedes: “minha poesia quer conter os céus e a Terra. Mas meu raciocínio não consegue entendê-los”. “Nem deve. Eles foram feitos para que nós pudéssemos senti-los”, disse Anaxímedes. “Então, como poderei escrever sobre estas maravilhas?”, retrucou. “Dentro de você existe todo o Universo”, respondeu o filósofo. “Se você restringi-lo apenas às paredes do seu quarto, jamais poderá escutar a música das esferas. Mas se for capaz de ver o teto de sua casa cheio de estrelas, poderá cantar e contar toda a história da humanidade”.

  • O dinheiro e a vaidade

    O sábio Nasrudin apareceu na corte com um magnífico turbante, pedindo dinheiro para caridade. “quanto custou esta peça extraordinária que enfeita sua cabeça?”, perguntou o soberano. “Quinhentas moedas de ouro”, disse o sábio sufi. O ministro sussurrou na hora: “Só pode ser mentira. Nenhum turbante, por mais maravilhoso que seja, pode custar toda esta fortuna”.

  • Sobre a verdade

    Com a mão fechada, o mestre perguntou a Nasrudin: “O que trago aqui?”. “Como posso saber?”, respondeu Nasrudin, prontamente. “Darei algumas pistas”, disse o mestre, completando: “Tem forma e cheiro de ovo. Seu conteúdo é branco e amarelo. Se o cozinharmos, fica duro”. “Um bolo”, gritou logo Nasrudin, achando que havia acertado a resposta. O mestre abriu a mão: era realmente um ovo.

  • A árvore

    Em Bilbao, no País Basco, uma leitora vem conversar comigo: “Você sempre fala de símbolos. Quero lhe mostrar um símbolo que você nunca viu...”.

  • Elástico do pensamento

    Cada pensamento tem um elástico amarrado nele, cuja outra extremidade fica presa em nós. Assim, o que enviamos para o mundo acaba voltando com força dobrada. Ralph Emerson diz que a maior parte de nossos pensamentos é dirigida ao passado. Lembramos com perfeição dos momentos difíceis, mas esquecemos a experiência que adquirimos.

  • O medo e o desejo

    A tradição nos fala de uma porta que precisamos cruzar toda vez que alguma coisa nos empurra para a mudança. Esta porta tem duas colunas. Uma se chama medo e a outra se chamada desejo. É o medo do desconhecido e o desejo de permanecer em um mundo confortável em vez de arriscar. Mas nada disso está escrito na porta. Lá, apenas se lê “Colunas”. E há um espaço no meio por onde podemos passar. Quando é ameno, o medo nos faz prestar atenção ao nosso próximo e ao mundo. Sabemos que nossos momentos mais corajosos foram aqueles em que tomamos certas atitudes. Com medo.

  • Os pontos de vista

    Toda nossa caminhada irá depender de como olhamos os desafios. Conhecemos bem a história do otimista e do pessimista diante de um copo com água pela metade: um acha que está meio cheio e o outro acredita que está meio vazio. Um amigo me contou outra parecida: uma empresa de calçados manda dois representantes a um país da África, para estudar a construção de uma fábrica ali. E recebe os dois relatórios: “Aqui ninguém usa sapatos. Teremos prejuízo“, escreve o primeiro representante. “Aqui ninguém tem sapatos. Venderemos tudo”, escreve o segundo.

  • Sinais do coração

    Se prestarmos atenção ao que as pessoas fazem, vamos reparar que elas sempre nos dão sinais a respeito de nossas próprias atitudes. Até que, um dia, o coração começa a falar mais alto e tudo muda de figura.

  • O dólar encontrado

    Estou andando por uma rua movimentada de Miami e encontro uma nota de US$ 1 caída no chão. Quem sabe eu peguei a nota antes de a pessoa certa encontrá-la? Quem sabe interferi no que “está escrito?” Preciso livrar-me dela – e dou a nota para o primeiro mendigo que vejo na calçada. “Não estou pedindo esmola; sou um poeta”, diz o rapaz, para em seguida me dar umas folhas com poesias. “Existe uma maneira de você saber se já cumpriu sua missão na Terra; se você continua vivo, é porque ainda não cumpriu tudo o que deve”, me diz o rapaz.

  • O desenho

    Caminhava com minha mulher em Praga, quando vimos um rapaz desenhando. Embora eu tenha horror de carregar coisas quando viajo, gostei de um desenho e resolvi comprá-lo. Reparei que o rapaz estava sem luvas – apesar do frio de 5 graus negativos. “Por que não usa luvas?”, perguntei. “Para poder segurar o lápis”. E começou a me contar sua vida. Ficou contente com a compra e resolveu desenhar o rosto de minha mulher, sem cobrar. Me dei conta de que algo muito estranho acontecera: havíamos conversado cinco minutos, sem que um soubesse falar a língua do outro. A simples vontade de dividir algo fez com que conseguíssemos entrar no mundo da linguagem sem palavras, onde tudo é claro e não existe risco de sermos mal interpretados.

  • Aprenda a jogar

    De vez em quando recomendo alguns livros importantes sobre a busca espiritual. Um título que merece destaque individual é o ancestral e popularíssimo “I Ching”. Ao contrário de certos filósofos – que consideram o “I Ching” basicamente um livro de estudos – recomendo que seja usado como um conselheiro. Aprenda a jogar e aproveite sua companhia. Mas jamais procure saber sobre o futuro – ele foi criado para nos ajudar a compreender o presente. Existem péssimas edições do livro; use o da editora Pensamento, baseado na tradução de Richard Wihelm. E fuja das outras.

  • O velho conto

    Uma prática nos ensina a contar trechos da nossa vida como se fôssemos uma das pessoas que participaram dela. Assim podemos entender o comportamento de quem nos ama. Um velho conto nos relembra esta prática. Um homem procura um jovem e narra uma história: durante uma guerra, ajudou um homem a fugir. Quando já tinha chegado a um lugar seguro, o outro o entregou ao inimigo. “E como você escapou?”, pergunta o jovem. “Não escapei. Sou aquele que traiu”, diz o velho: “Mas ao contar essa história como se fosse herói, posso entender tudo o que ele fez por mim”.

  • Momentos difíceis

    O processo de aceitar a si mesmo é simples, mas não é fácil. Quando as coisas estão boas, não há qualquer dificuldade em olhar no espelho. Mas, nos momentos mais complicados, só reconhecemos nossas fraquezas, esquecendo todo o esforço que fizemos para chegar até aqui. É nos momentos difíceis que precisamos nos encontrar plenos de amor e respeito por nós mesmos. É preciso parar de tentar explicar a todo mundo as nossas atitudes; somos assim e ponto final. Nas suas horas difíceis, procure lembrar das horas mais fáceis. Elas vão ajudar muito.