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Oman, nosso parceiro no Oriente Médio

 

Depara-se o novo governo com uma presença internacional cada vez mais rica, e focada no Oriente Médio. Ganhamos esta dimensão, tanto quanto hoje parceiros dos Brics, e a dividir, sobretudo com a China e a índia, um novo protagonismo, por inteiro largado da velha geopolítica de centros e periferias. Voltamo-nos para o nosso mercado interno - em contraste com os parceiros asiáticos - e juntamos à expansão econômica a mobilidade social, a consciência popular e, sobretudo, o crescente respeito à democracia no nosso desenvolvimento político.
 
Somos atores excrescentes ao que o Ocidente subordinou ao meridiano fatal dos colonialismos, e de um sul cativo das metrópoles européias e dos Estados Unidos. A insistência do governo Lula em somarmo-nos ao dinamismo do Oriente Médio pode, hoje, ganhar todo o seu impacto, na convergência com as nações da península arábica e, em especial, e ao lado dos Emirados, no que representa o Sultanato de Omã.

A diplomacia brasileira, e através do embaixador Sérgio Taam, debruça-se sobre a peculiaridade desta nação marítima, de profundos contrapontos no Golfo e, mesmo no Índico Ocidental, vivendo a extraordinária renascença dos seus últimos quarenta anos. Ou seja, do governo do Sultão Qaboos, que é hoje trunfo estratégico do que se pede ao mundo islâmico, para após a "guerra de religiões" e as "civilizações do medo", auguradas pelo republicanismo bushiano, ou pela expansão do novo jihadismo terrorista.
 
O sucesso de Omã é o do arranco desta expansão da riqueza per capita, ligada à mobilidade coletiva, e, sobretudo, ao acesso universitário. E, nesse, é já de 60% o afluxo feminino, no contraste claro com a velha noção do imobilismo de gênero, a que se hgava o estereótipo da civilização árabe.

A determinação da política cultural, na abertura de óperas, cinemas, festivais e espetáculos de vanguarda, rompe com toda visão de uma doxa corâmica ou de qualquer inércia tradicional. E, mais ainda, o rico entendimento da prospectiva islâmica, é hoje o caminho mais rico para a superação dos confrontos estéreis entre xiitas e sunitas.
 
A universidade, em cooperação com o Ministério do Ensino de Superior, alinha-se também, em condições inéditas, na península, na profissionalização do ensino médio, à busca de novos afazeres, inclusive numa cultura do lazer, que permite a rapidez da aposentadoria após uma vintena no serviço.

O avanço da informação internacional, de par com a entrada no universo digital aponta a Omã os caminhos, também, de uma convivência no virtual. Significativa também para esse multiculturahsmo de Mascate, e Salala é a organização das novas zonas francas pioneiras, no trato com o gigantesco mercado internacional emergente.

Na ponta do Golfo Pérsico, Omã, ao lado dos Emirados, é a plataforma à grande abertura dos hindus ao Oriente Médio. São já mais de 20% da população nacional, no descolamento do fixismo imemorial do subcontinente.
 
Não é outro o poder estratégico em que o Brasil dos Brics encontra uma triangulação exponencial no Oriente Médio.

E é, pois, em todo o contrário de um velho Terceiro Mundo, que nosso país tem, na região, os seus aliados naturais na globalização democrática, frente à Velha Europa e aos Estados Unidos, ameaçados pelo retorno do republicanismo radical.

Jornal do Commercio (RJ), 24/12/2010