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Óleo de copaíba neles

 

A Câmara de Representantes (de deputados) dos Estados Unidos aprovou uma moção estranha e preocupante, que pede a criação de uma força tarefa, da qual participariam os EUA, na Tríplice Fronteira Brasil, Paraguai e Argentina. Há muito se especula que ali está um possível braço da Al Qaeda, por mais que todas as vigilâncias e realidades apontem para nada existir.


 


Não vou chover no molhado, mas estas coisas, muitas vezes sem maior importância, revelam outras de maior magnitude. Sempre pregamos uma política de não militarização da América do Sul, que durante a Guerra Fria ficou fora da corrida nuclear e manteve exércitos convencionais dentro de baixo limite das necessidades de manutenção da ordem e afirmação da soberania. Os únicos focos de tensão foram Argentina, com o Canal de Beagle, entre Equador e Peru numa pequena região de fronteira e a questão boliviana as saída para o Pacífico com o Chile, depois da Guerra do Salitre. Estas pequenas desavenças, sem qualquer potencial de conflito bélico numa região continental como a nossa, assegura a afirmação de sermos a área mais pacífica da face da Terra.


 


Agora, surgem coisas que nos assustam. Outro dia foi o anúncio de missão americana para estabelecer na Guiana uma força militar para vigiar a Amazônia. O Chile tentou comprar aviões que desestabilizariam o equilíbrio nos países andinos, Menen falou em colocar a Argentina como “sócio não associado da Otam”. Tudo isso caiu num vazio diante da vontade pacifista dos nossos povos e da firme determinação de nossas forças armadas de evitar qualquer corrida armamentista.


 


Volto ao assunto porque acho que o presidente Chaves, da Venezuela, está entrando nesse jogo perigoso. Ontem, nessa direção, os jornais do mundo inteiro noticiaram sua viagem à Rússia e as negociações para construção de fábricas de armamentos, além do que já proclama como seu desejo de fazer a Venezuela uma potência militar. Isso é fazer o jogo das grandes potências que necessariamente encontrarão aí a porta aberta para militarizar a nossa pacífica América do Sul.


 


Os nossos olhos do futuro dizem que na Tríplice fronteira está também o Aqüífero Guarani, a maior reserva de água doce do subsolo americano. Já temos as ameaças de internacionalização da Amazônia e, agora, o “perigo” (entre aspas) da Al Qaeda.


 


O Brasil e os outros países sul-americanos não podem consentir em nenhuma política de militarização e, para começar, devem advertir Chaves que ninguém concorda com isso.


 


Descobriram que o óleo de copaíba é forte antiinflamatório. Vamos passá-lo nessa deputada americana e no Chávez.


 


Jornal do Brasil (Rio de Janeiro) 28/07/2006

Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), 28/07/2006