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O Petróleo, de novo

 

Lembro-me com nitidez do primeiro choque do petróleo. Foi em 1973; o bruto passou de US$ 2,50 o barril a US$ 12,00, de um dia para outro. O mundo ficou de joelhos diante dos potentados do ouro negro, esse óleo viscoso, mal odoroso, que domina o mundo. Pequenas nações, sem peso com os grandes problemas no mundo, como a Venezuela e a Colômbia, foram guindadas à altura de potências decisivas.


A dívida das nações ganhou dimensão inusitada. Agora estamos de novo diante do decreto da Opep, que já chegou a US$ 70,00.


O petróleo é o mais rico e o mais difícil produto mineral. A Petrobrás, por exemplo, tem uma onerosa técnica concedida nas águas profundas, ao largo de Campos. Graças ao seu arrojo, sua obstinação e sua política empresarial, no sentido da independência do bruto, ela praticamente está hoje habilitada a atender a demanda do Brasil e de outros clientes que já se abastecem em seus estoques.


Essa independência petrolífera-empresarial não eliminou a responsabilidade que assumimos, por necessidade interna, com instituições financeiras clássicas. Isto porque o petróleo entra na manufatura de mais de setenta mil produtos industriais e nos transportes - principalmente urbanos, interurbanos e de cargas pesadas. É o que espera o consumidor brasileiro nos próximos dias, quando se estabilize a oferta do óleo, já com o preço definitivo.


Não é essa uma situação, diremos, inédita; com o decreto, a OPEP nos pega em situação delicada como essa, a tremenda crise política que vai ter, sem dúvida nenhuma, influência na economia. Os economistas do governo e de fora dele não estão ainda pessimistas, como acontece freqüentemente, mas não deixam de ser realista, reconheçamos, quando nos acenam para uma nova fase econômica com dificuldades para o pagamento de parcelas da dívida externa.


Sumariando, iremos para o Brasil como para a maioria das nações o aumento de custo da energia petrolífera, tomba como um mole de chumbo sobre a economia do País, dificilmente viremos os juros baixarem como desejam as classes empresariais, e pode ocorrer mesmo uma recessão. Devemos nos preparar psicologicamente para uma nova situação preocupante.




Diário do Comércio (São Paulo) 01/09/2005

Diário do Comércio (São Paulo), 01/09/2005