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O mal grandíssimo

 

Citei o axioma de Rui Barbosa várias vezes, mais vou citar mais uma vez, por ser oportuno fazê-lo. Escreveu o grande tribuno: O mal grandíssimo e irremediável das instituições republicanas consiste em deixar exposto à ilimitada concorrência das ambições menos dignas o primeiro lugar do Estado e, desta sorte, o condenar a ser ocupado, em regra, pela mediocridade .


Aplica-se rigorosamente ao Brasil de nossos dias essa afirmação de Rui Barbosa, que sabia do que estava falando, pois fôra Conselheiro de Estado no Império, tendo então conhecido um bom governo para o Brasil, que fôra o governo do Poder Moderador e do bi-partidarismo de conservadores e liberais, a se revezarem no poder como se o Brasil fôra uma réplica tropical da Inglaterra.


O que estamos vendo no Brasil com a ascensão do PT e dos correligionários de Lula, inclusive do próprio presidente, é uma grande corrente de amadores que não tinham e não adquiriram até hoje noção do que seja governar bem esse imenso país-continente.


Ninguém é contra, em nossos dias, que um pau-de-arara, um sem-eira-nem-beira e sem-ofício chegue à Presidência da República por seus méritos pessoais. O que exaspera o analista da conjuntura brasileira e sua situação histórica é que faltam atributos técnicos e aprendizado contínuo e eficaz de quem exerce as funções superiores dos negócios públicos, sem esse múltiplo amadorismo que se observa no atual governo.


Deixando de lado a comadrice Dilma contra Palocci, já neutralizada por insistência de Lula, temos dois excelentes ministros, Roberto Rodrigues e Luiz Furlan, um diplomata de carreira nas transações exteriores e, com exceção de Palocci, os demais patinam no amadorismo.


A classe política brasileira precisa passar por escolas de líderes. Sem formação intelectual adequada ficaremos sempre enquadrados no pensamento visível e efetivo de Rui Barbosa no axioma acima citado.




Diário do Comércio (São Paulo) 02/12/2005

Diário do Comércio (São Paulo), 02/12/2005