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O governo na eleição

 

Tenho escrito que qualquer candidato com o poder de usar a máquina administrativa para o seu sucesso eleitoral não hesitará em lançar mão dela. Atualmente, por acaso histórico, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva é quem pode usar esse poder. Repito que ele o faz, como o faria qualquer outro candidato em seu lugar; o candidato usa apenas da faculdade de que lhe foi atribuída para permanecer mais quatro anos na direção suprema do Estado. É o que não viram, no momento oportuno, os pré-candidatos. Assim sendo, o candidato Lula terá no Bolsa-Família e no aumento dos servidores a garantia da sua reeleição, a menos que haja uma improvável virada do eleitorado.


Não me causa nenhuma surpresa o que está havendo com Luiz Inácio Lula da Silva, ainda que declarasse que não se serviria da máquina administrativa em seu benefício. Eleição é isso mesmo; pode quem tem na mão mais fatores de êxito e sabe usá-los para o fim de eleger-se. Repito, portanto, que vejo no páreo presidencial com mais possibilidades de êxito o presidente Lula, pelos meios de que dispõe para fazer a sua campanha com as franquias legais em seu favor.


Estão com a razão, portanto, todos os políticos e os pensadores da ciência política que dizem que a estrutura política brasileira está reclamando, com urgência, uma reforma de alto à baixo, afim de que venha a existir no Brasil, embora com grande atraso, uma realidade política com a qual concorde a opinião pública, devidamente alertada. Fala-se dessa reforma política há muitos anos, desde o Estado Nacional de Getúlio Vargas e do ministro Francisco Campos, doutrinador político do Estado Nacional.


O governo na eleição é esse que está favorecendo o candidato-presidente na reeleição, no exato cumprimento da lei, embora o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) o tenha considerado na infração da Lei.


 


Diário do Comércio (São Paulo) 27/06/2006

Diário do Comércio (São Paulo), 27/06/2006