Salvo alguns detalhes, como por exemplo a premiação das escolas de samba, o carnaval terminou no fim de semana e a gente vive como se o ano de 2024 tivesse acabado e só nos restasse empurrar a vida para a frente até o próximo 31 de dezembro. Só Deus sabe quando!
Depois do desfile da Beija-Flor, do qual tive a honra de participar, fui para o camarote da Prefeitura do Rio encontrar Renata para ir para casa. Lá encontrei o prefeito, anfitrião do camarote, numa espécie de participação, ao mesmo tempo, funcional e festiva.
Ele estava ali representando a cidade onde o carnaval tinha um significado excepcional, mas também se divertia muito com a festa na companhia de seus amigos e colaboradores. Fiquei pensando na feliz dualidade daquele político tão bem-sucedido, um homem que tivera a sorte de encontrar seu destino, na profissão e na vida, no lugar onde tudo para ele era só alegria, prazer e diversão. E sabia conduzir com habilidade e consciência os dois mundos, de modo a que ambos fossem viáveis para nós todos. E eram mesmo.
Ninguém no mundo, seja qual for sua profissão ou atividade, poderia se gabar da mesma indiscutível performance de Eduardo Paes à frente da prefeitura carioca!
Por isso mesmo dá-nos vontade de abençoá-lo por sua posição tão serena em relação a certos temas contemporâneos, em geral objetos de nosso constrangimento. Não sei e nunca lhe perguntei por sua posição em relação a questões que nos dividem tanto.
Mas recordo em silêncio que a Bíblia Sagrada não tem nenhuma palavra de condenação, por exemplo, ao aborto que só foi excomungado pela Igreja lá para o final do século XIX por motivos de cidadania. Pelo contrário, o aborto sempre foi permitido até os 40 dias de fecundação da mãe.
Ainda nessa linha, textos arqueológicos dos sumérios, encontrados em escavações contemporâneas na Mesopotâmia, se referem a impostos, correspondência diplomática, delinquência juvenil, o dilúvio universal, assuntos e histórias que sempre consideramos de hoje em dia. A palavra “humano” (namlulu, em língua suméria) surge ali pela primeira vez, rompendo com a ideia de que esse conceito foi uma invenção do pensamento realista e científico de poucos séculos atrás. Há mais de dois mil anos antes de Cristo, a Humanidade já era humana.
E, por falar nisso, o relatório anual da Oxfam Internacional nos garante que serão necessários 230 anos para acabar com a pobreza na face da Terra, mas que o primeiro “trilionário” do mundo será conhecido em uns dez anos. Ou até menos. Não precisamos explicar por quê.
Aquele relatório se baseia em dados articulados pela revista Forbes, divulgada no Forum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça. “Ao pressionar os trabalhadores, evitar o pagamento de impostos, privatizar o Estado e contribuir para o colapso climático, as empresas estão impulsionando a desigualdade e agindo a serviço de cada vez mais patrimônio a seus donos já ricos”, diz o texto.