Portuguese English French German Italian Russian Spanish
Início > Artigos > Nas graças do 'Girafão'

Nas graças do 'Girafão'

 

No dia 9, promulgou-se um Ato Institucional conferindo aos militares o poder de suspender direitos políticos e cassar mandatos. No dia 10, saiu a primeira lista de punidos, que incluiu os ex-presidentes Goulart e Jânio Quadros, o ex-deputado federal Leonel Brizola e intelectuais como Josué de Castro, Celso Furtado e Darcy Ribeiro. No dia 11, o Congresso ratificou a escolha do Comando Supremo da Revolução, elegendo para a Presidência da República o general, neo-marechal, Humberto Castello Branco. Seu mandato iria até 1965.

Não foi uma escolha pacífica, porque outra ala dos militares, ainda mais hidrófoba, preferia o general Costa e Silva. Mesmo assim, no dia 15, Castello Branco foi empossado. No dia 17 de julho, o Congresso, acoelhado, aprovou a prorrogação do mandato de Castello e adiou as eleições para março de 1967. Ao se ver caroneado, o governador da Guanabara, Carlos Lacerda, favorito para as eleições, rompeu com o regime que ajudara a implantar. Tempos agitados os primeiros meses de 1964, não?

Ou não. Por aqueles mesmos dias, em meio aos arranca-rabos em verde-oliva, um jovem oficial da Cavalaria era agraciado com um simpático e pitoresco título. O diploma dizia: "Clube dos Girafas. Em sentido de ‘unanimus’ aquiescência dos membros dêste sodalício e usantes as attribuições de ‘Girafão’, hei por bem fazer mercê ‘in specie aeternitatem’ do título de sócio [ao] tenente-coronel Cav. João Baptista de Oliveira Figueiredo. ECEME, Praia Vermelha, 12 de maio de 1964. [Assinado] General João Lima Machado — Presidente".

De sócio do Clube dos Girafas, recebido pelo "Girafão", à Presidência da República, em 1979, foram só 15 anos. Danadinho, o Figueiredo.

Folha de São Paulo, 07/02/2024