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Morte política

 

Comentei há dias o "fico" de Dom Pedro, príncipe regente, quando os patriotas o procuraram para solicitar-lhe que ficasse no Brasil. O príncipe ficou e proferiu o famoso "fico", por mim citado recentemente, pois o presidente Lula da Silva, ao que parece, vai ficar. E comentei o "fico" de Severino Cavalcanti, que pelo visto não tinha consistência, pois o ex-presidente da Câmara dos Deputados não ficou: teve morte política.


Como se sabe, em política não há mortes definitivas. Getúlio Vargas provou-o com o seu cemitério particular, onde enterrava os seus mortos, e quando deles precisava os ressuscitava. Severino Cavalcanti perdeu-se por ter tido a fraqueza de aceitar o "mensalinho" da caótica e sórdida política, enfervedoura na CPI.


Já comentei aqui que Severino foi regularmente eleito presidente da Câmara, portanto, teria o direito de ficar na Presidência da Casa, se não fosse a sua fraqueza diante do "mensalinho". Ao cair Severino disse que voltará. É provável, pois ele deve ter um eleitorado cativo no seu estado natal.


Comentei, também, há dias, que a Câmara não gosta de caçar deputados. É o esprit de corp que prevalece na Câmara dos Deputados, onde as cassações têm sido raras, e Severino não quis ser cassado. Daí a sua renúncia, para ter o direito de voltar, se for eleito evidentemente. Sua renúncia, pressionada pela oposição, serve de exemplo, em que o peso da opinião pública, levado em consideração, e o escândalo na vida política de Severino, não poderiam ser ignorados na investigação dos seus ex-pares.


No momento é o que ocorre comentar. Sai Severino e é dada uma satisfação sobre um ato de corrupção. Muito bem.


 


Diário do Comércio (São Paulo) 23/09/2005

Diário do Comércio (São Paulo), 23/09/2005