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A morte do próximo

 

É citado com freqüência nos livros sagrados o próximo, a quem o Cristo nos aconselhou a amar como a nós mesmos.


Todos os livros das revelações e das vidas terrena e eterna pedem que vejamos no próximo nosso irmão. O que nasce para a angústia. É, portanto, figura central da doutrina católica, a doutrina da vida e da salvação.


Todo o cristianismo foi edificado sobre uma das colunas de segurança, o próximo, o que nos dá unção nos extremos de sofrimento nas horas da eterna despedida, nos momentos de indecisão, que nos atormenta nas desventuras da vida.


Com essa reflexão podemos perguntar de quê está gemendo a civilização. Está gemendo, devemos responder, por lhe faltar à pessoa - não resta desespero - o próximo do Evangelho, que, em nome do Cristo, foi brindado com um destino eterno, por estar colocado acima do tempo e de suas determinações. Diante dessa problemática, como diante da esfinge, nos encontramos, temos de procurar o próximo, cuja ausência indicia a crise do mundo moderno.


Parece, diante das conquistas da ciência, insignificante a lacuna angustiada do próximo, mas, na sua dura realidade a falta que estamos sentindo, não raro, sem sabermos, com exatidão, o motivo de nossos tormentos íntimos.


Tudo quanto está no Evangelho é válido para a salvação do ser humano, desfigurado pelas mazelas dos mundos. Temos de vivificar o próximo para vencermos as crises parciais e a grande crise que se abriu como um pálio maldito sobre a humanidade, e, aparentemente, é inarrável.


O próximo tem a força da fé, que sempre removeu montanhas, como fez com o Bom Samaritano, com o centurião da Via Crucis, com os reis que foram de longe visitar o recém-nascido na manjedoura, com os santos que mudaram, sem armas, a face da terra.


É de nosso breviário para termos paz. Se ele não nos socorrer, não haverá quem nos socorra, neste mundo de tantas danações, mas, ainda, de tantas esperanças.




Diário do Comércio (São Paulo) 02/09/2005

Diário do Comércio (São Paulo), 02/09/2005