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Moloch

 

Está nas locadoras um filme com esse título de mitologia para designar Hitler e seus companheiros e pessoal burocrático da sua residência na montanha. Como sabem todos que se informam sobre os problemas do país e do mundo, uma estranha simpatia está aproximando o gângster da Segunda Grande Guerra da juventude européia. É um fenômeno que deve dar o que pensar aos dirigentes de países não só da Europa, como de outros continentes, inclusive o Brasil.


Esse filme, a que assisti em casa, mostra Hitler na sua casa, com os companheiros de guerra, pessoal da secretaria, Eva Braun, sua amante, e outras pessoas. O filme é muito mal dirigido por um russo, as cenas da vida cotidiana no ninho da águia muito mal colhidas pela câmera do diretor de fotografia, mas, no fim, acabamos sabendo como vivia na intimidade da família o antigo pintor de paredes, que se considerava um gênio, e era, de fato, o gênio do mal, como Mussolini e Stálin, as três almas danadas da guerra e do desdém pelos direitos humanos.


Vale a pena ver, portanto, esse filme, pois até mesmo cenas lúbricas o diretor deu a entender, não querendo mostrá-las, por serem indesejáveis para os assistentes do filme.


Hitler, que pouco se interessou por mulheres, não era, como Mussolini, uma espécie de fauno. Ficou Eva Braun e morreu com ela, no bunker a que se refugiou, quando os russos se aproximavam de Berlin. Vale a pena ver, também, como vai na intimidade um tirano. Fica do filme, e do que nos é mostrado pelo diretor, um pacato pequeno burguês, quando, na realidade, era o Moloch que nutria o sonho monstruoso de ganhar a conquista de todos os países para os arianos de sua fantasia sem base científica.


 


Diário do Comércio (São Paulo) 17/03/2005

Diário do Comércio (São Paulo), 17/03/2005