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Meus colegas de limbo

 

Todo dia alguém especula sobre quais profissões estão condenadas à extinção pela inteligência artificial. Em coluna recente ("A vida começa aos 500", 22/4), eu próprio arrisquei algumas: médico clínico, psicanalista, juiz (inclusive de futebol), piloto de aviação, engenheiro, professor, fotógrafo, ator. Todo mundo palpita, mas ninguém pode garantir que sua previsão se confirmará. O certo é que, seja qual for a previsão, por mais pessimista do ponto de vista dos candidatos à extinção, a realidade será ainda pior. Só a própria inteligência artificial é capaz de prever os seus próprios limites, se é que ela os tem.

Meu amigo Cristiano Grimaldi, engenheiro de software, resolveu ir direto à fonte. Perguntou à inteligência artificial que profissões se extinguirão por causa dela. E ela, sem pestanejar —por falta de pestanas, a IA ainda não consegue pestanejar—, listou 100 profissionais que em breve farão companhia no mercado aos pterodáctilos e tigres-de-dente-de-sabre. Eis alguns.

Operador de telemarketing. Auxiliar de escritório. Operador de máquinas de impressão. Digitador de dados. Assistente de Recursos Humanos. Assistente administrativo. Assistente jurídico. Assistente social. Analista de crédito. Analista de marketing. Analista de sistemas. Técnico em radiologia. Técnico em eletrônica. Técnico de laboratório. Técnico em eletricidade. Técnico em telecomunicações.

Recepcionista de hotel. Contador. Secretária. Agente de viagens. Corretor de imóveis. Artista plástico. Designer gráfico. Porteiro de prédio. Fisioterapeuta. Instrutor de academia. Auxiliar de farmácia. Motorista de táxi. Mecânico de automóveis. Vendedor de automóveis. Manobrista. Caixa de banco. Caixa de restaurante. Pizzaiolo (não me pergunte por quê). Etc.

Rapazes, foi bom trabalhar com vocês. Nos vemos no limbo —porque jornalistas e escritores também se extinguirão.

Folha de São Paulo, 28/04/2024