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Maledeto Imbroglio

 

Nas pegadas de Antonio Palocci está sendo jogado agora um caseiro, personagem nova nesse romance policial digno de Sherlock Holmes ou o inteligente, simpático e sagaz Padre Brown. Já escrevi aqui dois ou três artigos sobre Palocci, a quem tenho simpatia embora não o conheça nem de vista. Se nos lembrarmos, a título de suposição, de que Palocci entrou para o círculo dos políticos, que não é pacífico nem avesso a intrigas, nos daremos conta dos seus embaraços e perigos, ainda que o presidente Lula o queira salvar.


É megera sem medida a política. Este é o lugar comum que gosto de repetir, mas não levo muito a sério, embora seja verdadeiro.


O curioso no caso Palocci, e neste maledeto imbroglio em que está metido, é que até mesmo dentro do governo ele tem inimigos, como a charmante guerrilheira Dilma Rousseff, que cultiva a energia aprendida na guerrilha, que ela exaltou mais de uma vez. Palocci tem se fingido de morto, mas essa é uma postura que dura pouco. A meu ver esse operoso ministro, a quem Lula diz tanto dever, está metido no imbroglio sem ver a porta de saída, e ao mesmo tempo tem de se ocupar de suas obrigações pesadíssimas do Ministério da Fazenda, com ameaça de inflação, de juros altos, moeda estável e tendência de capoeira praticada para pegá-lo.


De minha parte, como observador, continuo vendo o dedicado ministro, amigo de Lula, o caipira de Ribeirão Preto, o médico conquistado pela bruxa política, metido no maledeto imbroglio , de cuja porta foi perdida a chave.


Palocci pode até ficar na história como o ministro sacrificado, mas ele tem cumprido o seu dever e já recebeu elogios de grandes economistas brasileiros, um dos quais é Delfim Netto.


É esse o maledeto imbroglio .


 


Diário do Comércio (São Paulo) 22/03/2006

Diário do Comércio (São Paulo), 22/03/2006