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Lula, o africano

 

Não sabemos, nem podemos saber, se a paixão de Lula pela África tem algum vínculo com o seu passado, ou se mesmo a atração pelo continente negro, que ele aproveita para visitar mais uma vez, já que estava voando pelo Ocidente sob o pretexto de participar, como chefe de Estado, da vigília do enterro do papa João Paulo II.


Em todo o caso, suscita admiração essa súbita atração que a África negra exerce sobre o pau-de-arara Lula, quando aqui mesmo, neste continente que é o Brasil, o Nordeste clama por ajuda e um plano de salvação regional, que é possível.


Temos nos batido com insistência pelo desenvolvimento do Nordeste e sua incorporação ao desenvolvimento de todo o País, mas inutilmente o fazemos, como o têm feito os demais confrades da mídia impressa, e com ilustrações a mídia televisiva.


O aproveitamento dos cerrados vieram demonstrar que o Nordeste é aproveitável, com sua extensão territorial, se for tomado como prioritário pelo governo do presidente Lula. Lembremos que a criação do Departamento Nacional de Obras contra as Secas é do início do século passado. Passaram anos e nada de construtivo foi feito. Sabemos, pelos numerosos canais de informação que funcionam no País, que não poucos funcionários e políticos da região acabaram enriquecendo.


O Nordeste é inexplicavelmente desprezado pelos governos brasileiros, sobrando para os Estados pobres e flagelados pelas secas o que não dá para as obras necessárias à manutenção nordestina.


Agora está no poder um antigo pau-de-arara, um dos muitos flagelados que buscam os vales férteis do sul, as grandes cidades como São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro, para aumentarem as favelas e passarem a ser bocas-de-fumo e centros de distribuição de crack. Esse mal, que vicia os jovens mais do que os adultos, estaria erradicado com o desenvolvimento da região, mas como os políticos de lá são incompetentes e querem ganhar sem fazer força alguma, o Nordeste pouco produz quando poderia favorecer mais ainda o ministro da Exportação e dobrar a oferta de grãos para o mundo faminto de algumas regiões carentes de alimentos o ano inteiro.


Resta saber se Lula, o africano, sabe avaliar sua posição em face dos interesses desprezados do Nordeste, enquanto o presidente passeia pela África negra, com seu novo e belo Airbus, comprado logo no início do governo para transportar S.Exa. e comitiva a regiões exóticas, que, no entanto, não percam do Brasil para alcançar seus objetivos econômicos, como o provam os países já visitados.


O Nordeste está precisando de uma voz enérgica para se erguer e integrar no Brasil o esforço para elevar a planos mais altos o desenvolvimento que beneficie os miseráveis flagelados da região castigada pelas secas, que têm remédio para sua periodicidade.


 


 


Diário do Comércio (São Paulo) 20/04/2005

Diário do Comércio (São Paulo), 20/04/2005