A praga se realizou antes e em maior dimensão do que eu próprio esperava. Trump ainda não mandou Eduardo tomar banho, mas fez pior. Primeiro, tirou Lula para dançar numa sala dos fundos da Assembleia Geral da ONU —do que, nas palavras dele, resultou uma "química". Agora, nesta segunda (6), saiu de seus cuidados na Casa Branca e telefonou para Lula, com quem conversou por 30 minutos.
Trinta minutos ao telefone custam mais a passar do que num protocolar encontro ao vivo, com cada qual em sua cadeira, posando para os fotógrafos. Em 30 minutos aos fones, duas pessoas podem fazer a mais sincera DR, trocar juras de amor ou verem surgir momentos de silêncio se um se magoar por um arrufo passageiro. Mas, não, foi tudo perfeito. Lula e Trump fizeram piadas sobre suas idades, falaram de economia e negócios, cogitaram um próximo tête-à-tête na Malásia e, mais importante, o nome Bolsonaro não foi nem lembrado. Ficou provado que o mundo pode passar sem esse repelente apodo.
Repito: é hora de Eduardo Bolsonaro pegar o boné. Não sei se o boné vermelho com a inscrição MAGA —a América cresceu tanto que ficou grande demais para ele— ou o boné do Atlanta Braves, seu time de beisebol na Flórida. O fato é que, em meia hora, esfarelaram-se seus oito meses de conspiração contra o Brasil e não será surpresa se nem Marco Rubio quiser saber mais dele.
Pintou um clima —quem diria— entre Lula e Trump!