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Artigos

 
  • A palavra escrita

    Escreva. Seja uma carta, um diário ou algumas anotações enquanto fala ao telefone. Mas escreva. Escrever nos aproxima de Deus e do próximo. Se você quiser entender melhor seu papel no mundo, escreva. Procure colocar sua alma por escrito, mesmo que ninguém vá ler o material produzido ou, o que é pior, mesmo que alguém termine lendo o que você não queria. O simples fato de escrever nos ajuda a organizar o pensamento e ver com clareza o que nos cerca. Um papel e uma caneta operam milagres. A palavra tem poder. E a palavra escrita tem mais poder ainda.

  • Discussão e brigas

    Dois sábios conversavam: “Vamos brigar para que não nos afastemos do ser humano”, disse o primeiro. “Não sei nem como começar uma briga”, falou o segundo. “Façamos o seguinte: eu coloco este tijolo aqui e você diz: ‘é meu’. Eu digo que não e nós dois começamos a discutir até brigar”. Assim os dois fizeram. Mas logo um deles disse: “Não percamos tempo com isto, pegue logo o tijolo”. “Sua idéia para a briga não foi nada boa”, disse o outro. “Ao ver que a alma é imortal, é impossível brigar feio e até mesmo discutir por causa de pequenas coisas”.

  • A filosofia e o jardim

    O filósofo alemão Shopenhauer andava por uma rua tranqüila em busca de respostas para várias questões que o angustiavam há muito tempo. De repente, ele deu de cara com um jardim muito bem cuidado e ficou horas seguidas olhando as flores, inerte com tamanha beleza. Um vizinho viu o comportamento estranho daquele homem e tratou logo de chamar a atenção da Guarda. Minutos depois, um policial se aproximou. “Quem é o senhor?”, quis saber o policial. Shopenhauer disse: “Se o senhor souber responder a esta pergunta eu lhe serei grato”.

  • Lembrando Zé Lins

    Ao publicar Menino de engenho, em 1932, aos 31 anos de idade, numa edição à custa do autor, José Lins do Rego se revelava um escritor pleno de uma sangüínea vitalidade, alcançando um sucesso raro para um livro de estréia. Após seu segundo livro, Doidinho, publicado pela Editora Ariel, o grande romancista paraibano recebeu uma carta, que se tornaria famosa, do jovem editor José Olympio, propondo a reedição da obra de estréia e a edição, numa tiragem de 10 mil exemplares, do seu próximo romance, que seria Bangüê. Dizem que Zé Lins, como era geralmente conhecido entre os amigos e depois sê-lo-ia nacionalmente, mal pôde acreditar na oferta temerária.

  • Um cavalo! Um cavalo!

    RIO DE JANEIRO - Em situações limite, vale qualquer coisa. Rezar é uma delas. Pedir um cavalo pode ser mais prático, mas se deve dar alguma coisa em troca. No caso do rei de Shakespeare, ele ofereceu o reino por um cavalo -negócio atraente para quem tivesse um cavalo e desejasse ganhar um reino.

  • O dilema

    A galinha observava o faisão à distância sempre que podia. O pobre animal passava dias seguidos com fome, tinha muita dificuldade de encontrar água e nem sempre achava um lugar confortável onde pudesse dormir. Certa tarde, a galinha aproveitou uma oportunidade e resolveu conversar com ele. “Veja como estou bem”, disse ela para o faisão. “Tenho um dono que me cuida, um lugar para beber água quando quero e sempre me colocam milho suficiente para comer com fartura. Por que você não experimenta levar o meu tipo de vida?”

  • Consolidação legislativa

    "O Parlamento não é fábrica que deva recomendar-se pelo número de projetos que elabore ou pela rapidez com que os produza... Às vezes, a maior virtude de um Parlamento está precisamente no número de projetos que elimina ou depura, que corrige ou substitua, depois de estudo quanto possível minucioso dos assuntos". A observação é de Prudente de Morais Neto, jornalista descendente do ex-presidente, que escrevia sob o pseudônimo de Pedro Dantas e está registrada no livro Quase política, de Gilberto Freyre.

  • A privatização da Vale

    Em boa hora a Vale do Rio Doce foi privatizada, tornando-se uma grande organização econômica e assim colocando o Brasil num posto avançado entre os países economicamente democráticos, impondo-se perante os seus concorrentes estrangeiros como um gigante da mineração. Agora, a Vale do Rio Doce comparece sozinha na venda da Ferrovia Norte-Sul, que será explorada por essa grande empresa a partir da sua posse na gestão empresarial.

  • Confiteor

    Sou do tempo - ai de mim - em que a missa era em latim e nós, meninos, dizíamos ''''confiteor'''', antes de tremulamente confessarmos ao flamívomo (dicionário, dicionário; quem leu Euclides da Cunha deve saber) padre Brito, o qual nos lembrava sem cessar como eram espaçosas as portas do inferno e ardilosas as mil trapaças enredadas pelo Inimigo, que havíamos espiado a vizinha tomando banho. Então achei por bem confessar-lhes alguns pecados meus, involuntários embora, bem-intencionados certamente, mas isso - ai de mim outra vez, porque se esperam grandes lamentações da parte dos penitentes - não impede assistir razão ao bom São Bernardo, que, segundo me ensinaram, foi quem pela primeira vez observou que o caminho do inferno é pavimentado de boas intenções.

  • O sábio ermitão

    O abade Abraão soube que perto do mosteiro de Sceta havia um ermitão com fama de sábio. Foi procurá-lo e logo perguntou: “Se hoje você encontrasse uma bela mulher em sua cama, conseguiria pensar que não era uma mulher?”. “Não”, disse o eremita, continuando a frase: “mas sei que conseguiria me controlar”. O abade insistiu com os questionamentos: “Então vamos imaginar uma outra situação inusitada. E se você fosse procurado por dois irmãos, um que o odeia, e outro que o ama, conseguiria achar que os dois são iguais?”. E o ermitão respondeu sem sequer pestanejar: “Tenho a certeza de que, mesmo sofrendo por dentro, eu trataria o que me ama da mesma maneira que o que me odeia”. “Vou lhes explicar em pouquíssimas palavras o que é um sábio”, disse o abade aos seus noviços, quando voltou. E completou: “É aquele que, ao invés de matar suas paixões, consegue controlá-las”.