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Juntos numa só emoção

 

Amanhã deverá ser um dia como há muito não se via igual. Os brasileiros, enfim, estarão torcendo por um mesmo lado nas redes sociais, nos bares, nas ruas, em casa e diante da televisão. Sem polarização, sem ódio e sem xingamentos, não serão nem Fla nem Flu, nem esquerda nem direita, nada de coxinhas x petralhas, de golpistas x mortadelas, de neofeministas x feministas, de negros x os não bastante negros. Como no velho hino, todos estarão “ligados na mesma emoção” vibrando pela seleção.

Ao contrário do baixo astral que vinha reinando em quase todos os setores, com a sensação de que “o país não tem jeito”, o clima no futebol é bem melhor desde que o bom desempenho do time na fase das eliminatórias superou o trauma dos 7 x 1 para a Alemanha e nos devolveu a confiança de pentacampões. E, quem sabe, pode trazer de volta o bom humor nacional.

O torcedor abandonou inclusive o esporte nacional de chamar o técnico de “burro” e de “escalar” o time em seu lugar, tão praticado durante a administração Dunga. Graças a Tite, o Brasil conquistou a vaga para o mundial de 2018 com um impressionante saldo de 25 gols a favor, dez vitórias, três empates e apenas uma derrota.

Amanhã, a nossa Seleção é franca favorita, mas a da Suíça está se preparando com empenho e modéstia. Posto que se trata de futebol, tudo pode acontecer, e como o brasileiro é ciclotímico, ora está lá em cima, ora lá em baixo, Deus nos livre de acontecer o pior. Nesse caso, não custa lembrar que será apenas o primeiro jogo da Copa.

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Muitos dos que não gostam da Lava-Jato têm dificuldade em revelar isso claramente. Em geral dizem apoiar a operação, e em seguida acrescentam as adversativas “mas”, “porém”. O ministro do STF Gilmar Mendes, por exemplo, declarou anteontem em entrevista a Roberto D’Ávila que a “Lava-Jato é digna de elogios”. Mas ele preferiu criticá-la. “Ela ganhou projeção talvez exagerada e claramente indevida”, disse ele com a autoridade de quem, como se sabe, é um caso exemplar de projeção moderada e claramente devida.

Para entender como o ex-presidente Lula alcançou a liderança nas pesquisas de opinião na corrida para 2018, apesar de um “ataque midiático” (tinha que sobrar para a imprensa), o juiz do Supremo atribuiu o “milagre” e o “enigma” à Lava-Jato, ainda que o ex-presidente tenha sido condenado por Sergio Moro. Assim, o juiz de Curitiba estaria funcionando involuntariamente como cabo eleitoral de Lula.

O Globo, 16/06/2018