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Elefante epiléptico

 

Não estou me referindo a Donald Trump, apesar de sua mania ao tratar da política externa dos Estados Unidos. O problema dele é que pode afetar o mundo inteiro ao ameaçar uma represália fulminante para a questão da Coreia do Norte.

Em princípio, não creio que ele realize a promessa apocalíptica de acabar com seu eventual inimigo. Mas, como sempre acontece em situações iguais, um acidente irrelevante de fronteira de um dos lados pode provocar até mesmo uma guerra mundial, que acabará com a maior parte da população da qual fazemos parte.

Várias guerras foram começadas por acidentes ridículos. Por exemplo: um soldado raso de um dos lados coloca o pé no terreno adversário, num passo de apenas metro e meio. É o bastante para morrerem milhões de seres humanos.

Aqui no Brasil ainda não existem condições para os elefantes epiléticos acabarem com a civilização da qual, de uma forma ou outra, fazemos parte. Temos alguns candidatos a isso, que mais cedo ou mais tarde farão um estrago maior do que a crise política e econômica que estamos vivendo.

Não vou dar exemplos, mas um elefante epilético pode surgir de uma instituição como o Senado, a Câmara Federal, o Supremo Tribunal Federal e até mesmo um obscuro juizado de primeira instância.

Podemos incluir a mídia, com o reforço da internet, que realizará os estragos de um elefante epilético ou eletrônico. Ao longo dos séculos, muitas hecatombes foram provocadas por elefantes ainda não epiléticos.

Vi pela televisão o aperto de mão cordial entre Trump e Putin, dois homens que até então pareciam vulgares, incapazes de provocar um conflito entre duas potências nucleares, que acabará com a civilização construída em pelo menos cem séculos e que forma o mundo que habitamos. 

Folha de S. Paulo (RJ), 13/08/2017